Ciência e Saúde

Fatos presentes podem interferir em lembranças do passado, diz estudo

A modificação parece funcionar como uma estratégia de sobrevivência da espécie, acreditam os pesquisadores

Vilhena Soares
postado em 18/06/2014 06:00
A modificação parece funcionar como uma estratégia de sobrevivência da espécie, acreditam os pesquisadores

O pensamento humano é um viajante do tempo. Como num passe de mágica, surgem imagens da festa de aniversário de 10 anos atrás, da primeira paixão na época da escola ou da viagem com a família ainda na infância. O problema é que a memória pode ser traiçoeira e nem sempre se mantém fiel aos fatos. E, então, você é capaz de jurar que um amigo que conheceu há apenas sete anos estava naquela festa; ou que a paixão de escola surgiu anos depois do que realmente aconteceu; e que as divertidas férias foram no Ceará, mas as fotos comprovam que a diversão se deu na Bahia.

Um recente estudo feito na Universidade de Northwestern, nos Estados Unidos, encontra pistas de por que as lembranças enganam: aparentemente, as recordações humanas se adaptam ao ambiente no qual a pessoa está inserida no momento. É como se a memória tentasse levar para o passado um pouco do presente. E, segundo os autores da pesquisa, essa mutação parece funcionar como uma estratégia de sobrevivência da espécie.



Donna Jo Bridge, uma das cientistas responsáveis pelo trabalho e professora da Faculdade de Medicina de Northwestern, explica que o experimento se baseou em trabalhos anteriores da mesma equipe, que já apontavam a existência de uma mudança da memória cada vez que uma situação específica do passado é lembrada. ;Mostramos agora que a memória muda sempre que nos lembramos de um evento específico. E essa lembrança vem com influências do presente;, destaca.

Para comprovar essa intromissão do hoje no ontem, Bridge e colegas realizaram um experimento com 17 pessoas, tanto homens quanto mulheres. Os voluntários deviam estudar a posição em que alguns objetos apareciam em uma tela de computador. Ao fundo dessas figuras, eram mostradas diferentes paisagens, como o mar e uma vista aérea de terras agrícolas. Em seguida, os pesquisadores pediam aos participantes para indicarem onde os objetos tinham sido posicionados na tela quando mostrados pela primeira vez, mas o pano de fundo era alterado. Em todos os casos, os sujeitos erraram a posição, adaptando a figura ao novo cenário.

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