Ciência e Saúde

Teste de sangue pode apontar rejeição antes de transplante de coração

Segundo especialistas, o procedimento poderá substituir a temível biópsia

Bruna Sensêve
postado em 19/06/2014 06:00

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O paciente que precisa de um transplante de coração vive no mínimo dois grandes momentos de angústia: a busca por um doador compatível e a constante dúvida se o órgão doado não será rejeitado pelo próprio organismo. Nos dois casos, a espera tende a ser longa, árdua e sob inúmeros procedimentos invasivos e arriscados. Entre eles, a biópsia. O exame causa calafrios a muitos pacientes e é, normalmente, evitado pelos médicos, sendo usado somente quando não há outra opção. Pesquisadores da Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, conseguiram encontrar uma solução alternativa. Não só isso: uma estratégia extraordinariamente mais simples e semelhante às análises usadas para detectar doenças genéticas ou mesmo o sexo do bebê no sangue de uma mulher grávida. O segredo está nos poucos momentos em que uma única pessoa carrega no sangue o DNA de duas.

No artigo divulgado hoje na revista científica Science Translational Medicine, a equipe liderada por Iwijn De Vlaminck relata um teste sanguíneo capaz de reconhecer, no DNA livre circulante do transplantado, a quantidade de partículas que pertencem ao material genético do doador. Esse tipo de DNA tem uma particularidade ; não está inserido em uma célula, mas solto na corrente sanguínea. Essa característica é importante porque, quando o sistema imune começa a atacar o coração, as células do doador são destruídas e o material genético, jogado na corrente sanguínea.



;Ou seja, se tiver uma grande quantidade DNA livre circulante do doador no sangue do transplantado, eu infiro que houve destruição celular por causa da rejeição;, resume o diretor do Laboratório de Imunologia do Hospital do Coração, da Universidade de São Paulo (Incor-USP), Jorge Kalil, não integrante do estudo. Para diferenciar o DNA do doador e do receptor no sangue, bastaria um sequenciamento que usa como base o material genético retirado diretamente de ambos. ;Esse teste parece ser mais seguro, barato e preciso do que uma biópsia do coração, que é o padrão ouro atual para detectar e monitorar a rejeição ao transplante cardíaco;, acredita Stephen Quake, um dos autores e professor de bioengenharia e física aplicada da universidade norte-americana.

Em uma biópsia, um pequeno tubo é enfiado, através da veia jugular, no pescoço e usa-se uma pinça serrilhada para arrancar pequenos fragmentos de tecido do coração. Desconfortável, o procedimento pode causar complicações, como alterações do ritmo cardíaco, além de danos à válvula cardíaca. Os pesquisadores alertam, no artigo, que a avaliação é cara, demorada e pode proporcionar resultados subjetivos ou que variam de acordo com o local do órgão em que a amostra foi retirada. Ainda assim, para confirmar a efetividade do novo teste proposto, foram comparados diretamente os resultados das biópsias colhidas simultaneamente a amostras de sangue de 65 pacientes, sendo 21 crianças e 44 adultos.

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