Ciência e Saúde

Especialistas identificam aranhas com hábito alimentar inusitado

Espécies desenvolverem capacidade tanto de caçar como de digerir peixes. Até então, só se conheciam espécies cujo cardápio é baseado em insetos ou folhas

postado em 19/06/2014 06:00

As espécies que comem peixes são semiaquáticas, geralmente encontradas na beira de córregos


As aranhas são conhecidas por se alimentar dos insetos que conseguem capturar em suas teias. Existe apenas uma espécie catalogada, a Bagheera kiplingi, com uma dieta diferente: 90% do que come são folhas de acácia, mas, mesmo assim, o que atrai a aranha à planta é justamente a presença constante de formigas. O pólen também pode servir como fonte de energia para os filhotes de cinco famílias distintas. Esses, entretanto, quando adultos, também se tornam insetívoros. Agora, contudo, graças a uma descoberta de zoólogos suíços e australianos, sabe-se que o cardápio desses artrópodes de oito patas pode ser muito mais variado.

Em um estudo publicado ontem no jornal acadêmico PLOS One, os pesquisadores Martin Nyffeler, da Universidade Suíça de Basel, e Bradley Pusey, da Universidade da Austrália Ocidental, garantem que, em todos os continentes do globo ; exceto na Antártida ;, há aranhas que evoluíram até desenvolverem a capacidade tanto de caçar como de digerir peixes. De acordo com a dupla de cientistas, são ao menos cinco famílias de aranhas de maior porte que aprenderam a complementar sua dieta com pequenos vertebrados.



Pusey lembra que várias evidências sugerem que as aranhas, em geral, evoluíram em condições de privação alimentar e, por isso, podem passar por longos períodos de tempo em jejum e consumir grande número de presas quando há disponibilidade. Atualmente, essa situação não é muito diferente, e a maioria das espécies vive em estresse alimentar na natureza. ;Assim, é de se esperar que características morfológicas e comportamentais evoluam para aumentar a habilidade de captura de presas, minimizando o gasto energético para isso;, explica o zoólogo. Esses animais têm um intestino estreito e são capazes de digerir somente alimentos líquidos. Por isso, possuem filtros que impedem os sólidos de serem absorvidos e poderosas enzimas capazes de liquefazer a presa por completo, para, aí então, digerir o alimento.

Além das cinco famílias observadas na natureza, três outras se mostraram capazes de comer peixes em laboratório. ;Todas são aranhas semiaquáticas, que normalmente habitam a margem de córregos de água doce superficial, lagos ou pântanos;, explica Martin Nyffeler. O grande número de descobertas sugere que os peixes são presas ocasionais, mas de grande importância nutricional, dada a dificuldade de se encontrar comida.

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