Isabela de Oliveira
postado em 20/06/2014 06:00
A escuridão de Sima de los Huesos (SH), caverna no norte da Espanha, guarda um dos maiores registros da evolução dos hominídeos. Esse importante sítio arqueológico, um dos mais ricos do mundo em fósseis, permitiu que a equipe liderada por Juan-Luis Arsuaga, professor de paleontologia da Universidade Complutense de Madrid, adicionasse mais uma peça ao quebra-cabeça que é o desenvolvimento dos neandertais.
Em uma pesquisa publicada na edição de hoje da revista Science, Arsuaga descreve fósseis que misturam características do Homo neanderthalense e de hominídeos mais primitivos. A descoberta pode levar, inclusive, à identificação de uma nova subespécie. Os cientistas investigaram 17 esqueletos de indivíduos que viveram na Europa há mais de 430 mil anos, sendo sete deles inéditos.
O mais curioso é que eles apresentam características dos neandertais no maxilar e nos dentes. Porém o Homo neanderthalense só existiu na forma descrita pela ciência cerca de 130 mil anos mais tarde. ;Diversas técnicas permitiram verificar a idade dos fósseis. Essa nova cronologia revela que esses são os hominídeos mais antigos a apresentar feições do homem de neandertal, mostrando claramente as divergências evolucionárias do Pleistoceno;, conta o autor.
A descoberta dá mais fôlego à teoria da acreção. O modelo defende que as raízes mais profundas do neandertal datam de 400 mil anos atrás, no Pleistoceno Médio. A hipótese sustenta que a fisionomia da espécie não teve origem em um ;pacote único;, mas surgiu em etapas e ritmos diferentes. ;As alterações faciais ocorreram primeiro e foram seguidas pelas do neurocrânio;, descreve Arsuaga. As evidências sugerem, portanto, que os primeiros representantes da linhagem neandertal mesclavam traços modernos e primitivos.
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