Vilhena Soares, Bruna Sensêve
postado em 21/06/2014 07:00
É grande a dificuldade de aceitar uma doença complexa como o câncer. Tanto para o paciente quanto para os familiares dele. Quando o tumor acomete uma criança, o processo costumar ser ainda mais delicado. Daí a importância de informar aos pais sobre a ocorrência do problema da melhor forma possível. Em busca dos comportamentos mais indicados, a enfermeira Talitha Bordini de Mello, da Universidade de São Paulo (USP), entrevistou mães que passaram pela situação. A importância de a conversa inicial se dar em um lugar mais reservado e conduzida por uma pessoa bem preparada está entre os pontos ressaltados pelas participantes do estudo.
;Tivemos casos em que a notícia foi dada por enfermeiros e, só depois, o médico explicou o problema com cuidado, sendo que, muitas vezes, isso não ocorreu em um lugar fechado, desrespeitando o momento de choro e desespero dos pais;, relata Mello. A estudiosa conversou com 24 mulheres entre junho de 2012 e março de 2013, no Setor de Oncologia da Clínica Pediátrica do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (HCFMRP), ligado à USP. ;Realizamos conversas em grupo para que elas dessem suas opiniões e ouvissem as das outras, o que ajudou na hora de chegarmos às conclusões;, relata.
Outro ponto destacado pela pesquisadora é a importância de, no momento da conversa, as informações serem passadas repetidas vezes, evitando que a emoção repentina dos pais não comprometa o entendimento do problema. Fagna Nayara de Paiva, 27 anos, entendeu melhor o câncer que acomete o filho João Sebastian, 4, só depois de uma revelação no mínimo indelicada. Uma enfermeira soltou o diagnóstico de leucemia. ;Ela achou que eu já sabia. Quando me disse, levei um grande susto porque não imaginava que o problema dele era esse. Ainda não tinham nem me dado os resultado dos exames;, lembra. Após o choque, a mãe foi amparada por um psicólogo e o médico do filho, que repassaram mais detalhes sobre a doença. ;Fiquei mais calma, mas acredito que um apoio em conjunto, e mais reservado, teria me auxiliado mais.;
A opção por saber e entender o câncer e, depois, falar sobre a doença para o rebento doente também foi muito relatada pelas entrevistadas. Tânia Mara Batista, 21 anos, ouviu de um médico a notícia de que a filha Kamila Vitória Santos, 4, tinha um tumor bilateral no rim longe da criança e com todo o cuidado possível. Segundo ela, o cuidado tomado foi essencial para a compreensão da doença. ;A Kamila não estava na hora e acho que isso foi importante, pois, depois de entender tudo, pude explicar para ela com as minhas palavra. Mesmo sendo pequena e entendendo pouco, foi o melhor caminho. Hoje, ela já entende muito sobre o tratamento e a situação por que passamos.; Em uma sala reservada, Tânia ouviu do especialista que menina não estava em uma situação crítica e que a chance de cura do tumor era bastante alta. ;Ele me explicou com cuidado e me deu esperanças.;
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