Ciência e Saúde

Dentistas: bebês precisam fazer primeira consulta antes de completar 1 ano

O cuidado evita problemas de mastigação e de oralidade

Isabela de Oliveira
postado em 05/07/2014 06:00
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Os cuidados com a higiene bucal são cada vez mais disseminados entre as crianças, tanto na escola quanto em casa. O ensinamento, porém, não livra os pequenos totalmente das cáries, um problema que não pode ser considerado como normal na infância e que pode ser evitado com medidas adotadas antes mesmo de as crianças nascerem. Um estudo publicado no periódico Pediatrics indicou que menos de 1% dos garotos e das garotas saudáveis de Toronto, no Canadá, foi ao dentista antes de completar 1 ano. O cuidado precoce também é pouco praticado entre as famílias brasileiras, e as consequências são dentes cariados, dor e tratamentos de reparo em bocas que estão longe de chegarem a uma condição amadurecida.

As academias americana de Pediatria e de Odontologia Pediátrica e a Associação Dental Americana, assim como a Associação Brasileira de Odontopediatria, aconselham que a primeira visita ao consultório ocorra quando os dentinhos começam a despontar, por volta dos 6 meses. Mas poucos pais conhecem a recomendação. Os motivos para que a saúde bucal fique em segundo plano, principalmente nos primeiros 24 meses de vida, envolvem falta de informação, dificuldade de acesso ao dentista e a noção de que os dentes de leite vão cair e, portanto, não devem ser motivo de preocupação. Mas o pediatra canadense Jonathon Maguire, principal autor do estudo, explica que as cáries não causam apenas dor. Contribuem para problemas de comportamento e alimentação, afetando, inclusive, o estado nutricional da criança.



;A falta de informação não é apenas dos pais, mas também de outros profissionais da área de saúde, como pediatras. Eles, as enfermeiras e todos que lidam com esse público devem ser instruídos sobre o problema e trabalhar em conjunto para evitá-lo;, esclarece o médico do Hospital St. Michael, onde o estudo foi conduzido. Apesar de a cárie ser uma das doenças mais comuns do mundo ; atinge pelo menos 60% das crianças em idade escolar ; , muitas pessoas não sabem que têm o problema nem que ele é uma sequela do estilo de vida inapropriado, envolvendo em especial a alimentação.

Margaret Chan, diretora-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), alertou na 67; Assembleia de Saúde Mundial, realizada em maio em Genebra, que o mundo ;precisa reduzir o consumo de açúcar, e o motivo para isso é a associação com as cáries e obesidade;. No Brasil, os números confirmam que a preocupação tem fundamento. A Pesquisa Nacional de Saúde Bucal de 2010, com os dados mais recentes sobre esses cuidados na pré-infância, estima que 18% das crianças de 12 anos nunca foram ao dentista. A estatística aumenta entre a faixa de 0 a 9 anos: 17,2 milhões, o equivalente a 52% dos pequenos, nunca foram atendidos em um consultório odontológico. Mais de 53% deles foram diagnosticados com cáries antes de completar 5 anos. Por outro lado, é provável que a maior parte tenha sido levada, pelo menos uma vez, ao pediatra ou a outro especialista médico.

Para saber mais
Lesões por cárie foram encontradas em quase todas populações de hominídeos. Há registros tanto entre os australopithecus, que viveram há 1 milhão de anos, quanto entre indivíduos do neolítico, 10 milênios atrás. Na maioria dos casos, a incidência da doença era inferior a 1%, e alguns dos nossos familiares mais antigos, como os neandertais, parecem ter sofrido menos ainda com o problema.

De modo geral, a prevalência das lesões aumentou nos últimos 5 milênios. Durante os primeiros 4 mil anos, o mal atacava de dois a 10 dentes a cada 100. Houve um incremento no ano mil depois de Cristo, quando três de quatro populações passaram a sofrer com 25 dentes cariados entre 100. Esse é o período em que se acredita que a cana-de-açúcar foi introduzida no Ocidente.

Os egípcios antigos não sofreram tanto com a cárie por conviverem com um problema ainda maior, a corrosão dos dentes. O desgaste era causado pela areia desprendida dos pilões de pedra que acabava se misturando à comida. O esmalte e a dentina eram tão corroídos que a raiz do dente chegava a ficar exposta. Infecção crônica e dolorosa gerava abscessos que eram drenados pelos dentistas da época com uma vara fina e oca.

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