Ciência e Saúde

Pesquisa transforma casca e semente de uva em agente antibacteriano

Além disso, as sementes da iguaria podem ser transformadas em um pó com alto potencial antioxidante

Luciane Evans
postado em 08/07/2014 08:00
Cascas e sementes da uva-bordô: pigmentos podem servir para substituir corantes sintéticos, que muitas vezes são tóxicos

Belo Horizonte- Raramente encontrada ao natural nos supermercados e nas feiras do país, a uva-bordô, originária dos Estados Unidos, chega ao brasileiro principalmente em forma de sucos e vinhos. Em breve, graças a uma pesquisa da Universidade de São Paulo (USP), a fruta poderá ser consumida de outras maneiras, e não só para agradar ao paladar. O estudo, feito na Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos (FZEA) da instituição, em Pirassununga, mostra que as cascas e as sementes da iguaria podem ser transformadas em um pó com alto potencial antioxidante, o que protege o corpo dos efeitos prejudiciais dos radicais livres. Além disso, o produto tem poder antibacteriano e até mesmo capacidade de inibir a enzima arginase, associada ao metabolismo e à reprodução da Leishmania, protozoário causador da leishmaniose.

De autoria do engenheiro de alimentos Volnei Brito de Souza, o trabalho teve como objetivo trabalhar com os subprodutos da fruta, obtendo deles um pigmento em pó que pode ser usado pelas indústrias alimentícia, farmacêutica e cosmética. O resultado foi publicado em periódicos científicos da Holanda e da Inglaterra. ;Para a análise, conseguimos, no interior de São Paulo, cerca de 50kg de cascas e sementes, mas nem tudo foi usado. Essa espécie de uva é tinta, tem uma cor roxa mais forte, gosto amargo e é conhecida por ser rica em pigmentos chamados antocianinas;, conta Souza.



A substância, presente em todas as uvas, exceto nas brancas, é responsável por dar cor à fruta e está presente na casca. ;Aqui, no Brasil, essa espécie frutífera é mais usada na produção de vinhos e sucos, e não é muito consumida in natura, já que dá uma sensação amarga na boca. Aquelas que consumimos, geralmente, têm menos pigmentos e não têm um roxo tão intenso;, compara. A primeira etapa do estudo teve como objetivo retirar esse pigmento da casca com a ajuda de um solvente líquido, composto por uma mistura de etanol e água. ;Na semente não há pigmentos, mas há nutrientes que seriam essenciais para a nossa pesquisa;, esclarece o cientista.

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