Vilhena Soares
postado em 26/07/2014 07:00
Além da dor e das lembranças desagradáveis, sofrer violência física durante a infância pode ter implicações genéticas. Um novo estudo conduzido por cientistas da Universidade de Wisconsin, nos Estados Unidos, comprova a ocorrência de alterações no DNA de crianças que sofreram maus-tratos. O grupo também identificou que essa mutação interfere na metilação ; processo responsável pelo desenvolvimentos de nervos ;, prejudicando o desenvolvimento físico e emocional de indivíduos. O trabalho pode ajudar a esclarecer suspeitas sobre a origem de problemas fisiológicos em jovens e adultos e auxiliar na busca de tratamentos para complicações causadas por traumas sofridos no início da vida.Os cientistas partiram do resultado de outros trabalhos científicos indicando que crianças vítimas de agressões físicas, abuso sexual e negligência são mais propensas a desenvolver problemas de humor, ansiedade e distúrbios agressivos. Também usaram como base um experimento semelhante feito com ratos. ;Nós queríamos saber se o efeito também era constatado em humanos;, explica Seth Pollak, professor de psicologia e pediatria da Universidade de Wisconsin e autor principal do estudo.
Participaram da pesquisa 54 crianças, com idades entre 11 e 14 anos, sendo que metade tinha sido abusada fisicamente. Ao comparar o DNA de ambos os grupos, os cientistas de Wiscosin constataram que as maltratadas tinham aumentado o processo de metilação, um dos vários mecanismos bioquímicos usados pelas células para o controle da expressão de genes.
A alteração foi constatada em vários locais do gene receptor de glicocorticoides, também conhecido como NR3C1, repetindo o resultado do estudo feito com ratos. Segundo os autores do trabalho, essa alteração pode acarretar em problemas físicos e emocionais no organismo humano. ;Essas crianças têm dificuldade no regulador de estresse e emoções negativas do cérebro. No sangue, possuem mais dificuldade em lutar contra doenças;, explica Pollak.
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