Bruna Sensêve
postado em 27/07/2014 08:00
Debates intensos marcaram a 20; Conferência Internacional Aids 2014, realizada na última semana, na Austrália. Estratégias para prevenir e enfrentar a doença foram ampliadas, iniciativas exemplares e bem-sucedidas, aplaudidas. No entanto, não houve resposta para a principal pergunta: quão perto ou longe estamos da cura do HIV? A mulher laureada com o Nobel de Medicina, em 2008, pela descoberta do vírus, Françoise Barré-Sinoussi, não poderia ser mais categórica ao afirmar, com pesar, que ainda é impossível saber. ;Não podemos dar esse tipo de esperança. O que sabemos é que precisamos continuar em frente porque há muita evidência e muitos dados nos dizendo que podemos fazer progressos. Quantos anos precisamos para uma estratégia em particular, não sabemos.;
Barré-Sinoussi não quer cometer o mesmo erro de pesquisadores que, em 1984, garantiram que haveria uma vacina dentro de dois anos. ;Já passamos mais de 30 anos depois disso e não temos vacina;, observou a cientista. A verdade é que o cenário, no momento, não é dos mais inspiradores. Na conferência, ao lado da virologista francesa, estavam reunidos os maiores nomes da pesquisa global em busca da cura da Aids. Quem despertou maior interesse foi a figura compenetrada de Deborah Persaud, do Hospital Infantil de John Hopkins, em Baltimore. Bombardeada de perguntas e olhares, a cientista não economizou palavras para tentar desvendar o que pode ter acontecido com o chamado ;bebê de Mississippi;.
O que seria o segundo caso de cura da história do HIV ; o primeiro foi o conhecido paciente de Berlim, que eliminou o vírus ao se tratar de leucemia com transplante de medula ; acabou não se confirmando. Há um mês, o bebê, infectado pela mãe soropositiva durante o parto, voltou a apresentar carga viral detectável na corrente sanguínea. A criança recebeu a primeira dose de antirretroviral com menos de 30 horas do nascimento. O medicamento foi mantido até o ano passado pela equipe de Persaud, quando a criança já estava com 18 meses. Mesmo depois de interrompido o tratamento, houve a surpreendente manutenção do vírus a taxas indetectáveis. Tudo indicava que, se o antirretroviral fosse dado de maneira muito precoce, não haveria tempo suficiente para o vírus atingir um reservatório ; onde poderia se esconder permanentemente e de forma latente (veja infografia).
Essa continua a ser uma das principais linhas de pesquisa para a cura da doença. Mesmo com a volta do vírus ao sangue da criança, os cientistas consideram a longa remissão um fato extremamente curioso. ;Aprendemos que essa infecção latente pode persistir por muitos anos e em estado total de dormência. Acompanhamos essa criança por mais de dois anos e nada foi manifestado nos testes mais sensíveis;, observa Persaud. Ela se mantém otimista quanto à remissão pediátrica e acredita que os dados recolhidos servirão para novos ensaios clínicos.
A matéria completa está disponível , para assinantes. Para assinar, clique