Paloma Oliveto
postado em 03/08/2014 08:03
Durante nove meses, aquele é um abrigo inviolável. Uma garantia de que nada de ruim vindo do mundo externo poderá agredir o bebê. Mas o útero materno não tem só coisas boas para oferecer. Ali, mesmo antes de nascer, a criança já pode começar a desenvolver traumas. Pesquisas recentes indicam que, em situações de medo, o odor de substâncias químicas secretadas pelo organismo da mãe é identificado pelo feto, que aprenderá a associar esses cheiros a coisas ruins. Segundo os cientistas, muitas fobias e pavores inexplicáveis podem ter origem na fase intrauterina ou nos primeiros dias de vida.O estudo mais recente foi publicado na revista Pnas, da Academia Nacional de Ciências dos EUA. Nele, pesquisadores da Universidade de Michigan e da Universidade de Nova York investigaram o comportamento de roedores cujas mães aprenderam a temer o cheiro de hortelã. Os cientistas demonstraram que as ratinhas ensinaram esse medo à descendência nos primeiros dias de vida, por meio do odor que exalavam em situações de estresse.
Os pesquisadores acreditam que a descoberta vai ajudar a compreender um fenômeno que ainda desafia estudiosos da saúde mental: como experiências traumáticas podem afetar profundamente uma criança, ainda que tenham ocorrido muito tempo antes de ela nascer. Há inúmeros relatos do tipo na literatura médica.
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