Isabela de Oliveira
postado em 17/08/2014 08:10
Após aterrissar na Lua em 1969, Neil Armstrong disse não ter conseguido dormir em nenhum momento da noite. Buzz Aldrin, um outro viajante do espaço, contou que 120 minutos foram o máximo de descanso que teve durante as 21 horas em território lunar. O caso dos veteranos não é isolado, afirma um estudo publicado recentemente na revista The Lancet Neurology. A privação do sono continua sendo uma das queixas mais comuns dos cosmonautas. E também de quem está na Terra. Apenas nos países em desenvolvimento, 150 milhões de adultos passam noites em claro. Seja aqui ou no espaço, a solução do problema costuma ser a mesma: os remédios para dormir.
A Nasa determina que os astronautas tenham pelo menos oito horas e meia de sono. Entretanto, a pesquisa liderada por Laura Barger, do Brigham and Women;s Hospital (EUA), revelou que não é isso que acontece. O estudo investigou 101 astronautas que somaram mais de 4 mil noites de sono na Terra e 4,2 mil no espaço. De acordo com os resultados, membros da tripulação em voo espacial ; que fazem viagens intermitentes ; dormem em média 5,9 horas. Os que passam temporadas na Estação Espacial Internacional (ISS), seis horas. Apenas 12% dos episódios de sono nas missões intermitentes e 24% na ISS duraram sete horas ou mais. Em casa, por outro lado, o primeiro e o segundo grupos registraram, respectivamente, 42% e 50% de noites com no mínimo sete horas de descanso.
Barger também constatou o uso generalizado de medicamentos para dormir, em especial os produzidos a partir das substâncias zolpidem e zaleplon. Três a cada quatro membros da tripulação da ISS e 78% dos astronautas em missão intermitente, em algum momento, lançaram mão desse recurso. De forma geral, as substâncias hipnóticas foram usadas em mais de metade (52%) das noites em missões espaciais. O uso rotineiro desses medicamentos é particularmente preocupante porque a FDA ; uma espécie de Anvisa norte-americana ; adverte que ingestão dessas pílulas impede o envolvimento em ocupações perigosas.
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