Jornal Correio Braziliense

Ciência e Saúde

Desde dezembro, vírus ebola já sofreu mais de 300 mutações

Grupo de cientistas mapeou o micro-organismo que amedronta a África; descoberta pode ajudar na busca por tratamento contra a doença



Depois de comparar o genoma do vírus causador do surto atual com 20 amostras de casos anteriores da doença, os cientistas descobriram que as duas linhagens que provocam a atual epidemia sofreram mais de 300 variações genéticas desde quando surgiram no centro do continente africano em 2004, no mesmo ano em que o vírus matou cinco pessoas no Sudão. ;É difícil saber, com certeza, como o vírus se propagou dos lugares onde estavam suas variantes ancestrais;, ressalta Kristian G. Andersen, pesquisador do Broad Institute na Universidade de Harvard e um dos autores do estudo. ;Também não sabemos se pequenos surtos humanos passaram despercebidos e possam ter contribuído para a migração (do vírus) para a África Ocidental.;

[SAIBAMAIS]O primeiro paciente que se sabe ter contraído a doença na epidemia atual foi uma criança de 2 anos, mas a forma como o menino se contaminou em dezembro passado, em um vilarejo da Guiné, ainda é desconhecida. Acredita-se que, depois de matar a mãe e a irmã do garoto, o vírus tenha atravessado fronteiras depois do funeral da avó da criança, uma curandeira que tratava infectados e que morreu em 1; de janeiro. Estima-se que 12 mulheres tenham contraído a doença durante os ritos fúnebres e levado o ebola para Serra Leoa.

Depois de atingir o país vizinho, o ebola se espalhou rapidamente pela Libéria e pela Nigéria, sendo transmitido entre pessoas por meio do contato com fluidos corporais de indivíduos doentes. ;O primeiro caso, na verdade, vem a partir do contato humano com um animal infectado. O reservatório é ambiental. Mas, a partir do momento em que uma pessoa é infectada, a cadeia de transmissão passa a ser os seres humanos, e o vírus é transmitido pelo contato com as secreções;, explica o especialista brasileiro José Cerbino, médico infectologista do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI). Desde então, o patógeno sofreu mais de 50 mutações, dando origem a pelo menos uma nova cepa.

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