Belo Horizonte ; O câncer não é mais visto como uma única doença. Técnicas cada vez mais modernas permitem identificar as alterações genéticas que estimulam o crescimento das células cancerígenas de cada tipo de tumor. Com isso, os tratamentos passam a ser direcionados a alvos específicos e os ganhos na oncologia se mostram expressivos. As novas opções terapêuticas levam esperança para os pacientes e indicam que a medicina personalizada, uma realidade em todo o mundo, pode ser mesmo promissora.
O tratamento do câncer começou a mudar a partir do Projeto Genoma Humano, concluído em 2003, que mapeou toda a sequência do DNA. Em seguida, surgiram análises moleculares precisas, que permitiram dividir a doença de acordo com a alteração genética relacionada a cada tumor. Já se sabe, por exemplo, que existem mais de 30 tipos de câncer de pulmão. ;O câncer está sendo estratificado segundo alterações moleculares passíveis de serem combatidas por medicamentos específicos. É como se estivéssemos tratando doenças completamente diferentes. Entre elas, doenças raras, que atingem 1% dos pacientes;, informa o presidente da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC), Evanius Wiermann.
Os avanços apontam para o que se chama de medicina personalizada, em que medicamentos são desenvolvidos para combater um determinado tipo de tumor. A terapia-alvo é uma das estratégias que revolucionaram o tratamento do câncer por ser capaz de atingir partes específicas das células cancerígenas, oferecendo menos danos às células saudáveis e reduzindo efeitos colaterais. ;Individualizar o tratamento não é nada mais que conhecer melhor a doença, descobrir o que está ocorrendo e usar a droga certa. Se sei que as células cancerígenas precisam de novos vasos sanguíneos para se desenvolver, vou inibir o processo;, esclareceu Carlos Barrios, diretor do Grupo Latino Americano de Pesquisa em Oncologia (Lacog) e do Instituto do Câncer do Hospital Mãe de Deus, em Porto Alegre. ;Poderei não curar, pois o câncer é inteligente e cria outros mecanismos, mas vou mudar o curso da doença.;
Os primeiros a se beneficiarem da terapia-alvo foram pacientes diagnosticados com leucemia mieloide crônica, que passaram a ser tratados com inibidores de tirosina quinase, remédios que conseguem destruir a proteína ligada ao crescimento das células cancerígenas. A doença é controlada de tal maneira que os pessoas vivem décadas com qualidade de vida e virtualmente curados. As novas drogas também aumentam a sobrevida de pacientes com câncer de pulmão originado por uma mutação genética específica. Eles chegam a viver três vezes mais. ;Estamos caminhando para descobrir outras moléculas que podem ser alvo de bloqueio. Não quer dizer que vamos ficar sem o tratamento convencional com quimioterapia, mas significa que, às vezes, vamos associá-lo com outros medicamentos;, pontua o diretor de relações institucionais do Cetus Hospital Dia, Charles Pádua.
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