Ciência e Saúde

UFRJ inaugura primeiro túnel de vento para testar equipamentos aeronáuticos

Aparelho ajuda a prevenir acidentes como o que ocorreu com o avião da Air France que ia do Rio a Paris em 2009

Junia Oliveira/Estado de Minas
postado em 02/09/2014 10:21
Professor do Programa de Engenharia Mecânica do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia (Coppe), ligado à UFRJ, Renato Machado CottaBelo Horizonte ; O Brasil sai na frente para liderar, entre os países localizados abaixo da Linha do Equador, pesquisas, testes e certificação de sensores e componentes aeronáuticos sob condições climáticas extremas. Isso graças a um túnel de vento climático desenvolvido por pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) para análises em temperaturas muito baixas e velocidade Mach 0,3, correspondente a um terço da velocidade do som. Primeiro da América do Sul nessa classe, o equipamento permite analisar o comportamento e a vulnerabilidade de componentes usados em aeronaves diante da formação de gelo.

Professor do Programa de Engenharia Mecânica do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia (Coppe), ligado à UFRJ, Renato Machado Cotta afirma que é preciso analisar cuidadosamente os fenômenos que ocorrem para evitar ou, pelo menos, minimizar a formação de gelo em estruturas e componentes críticos de uma aeronave diante de condições climáticas adversas. Instalado no Laboratório de Mecânica da Turbulência, um dos quatro que compõem o Núcleo Interdisciplinar de Dinâmica dos Fluidos da Coppe, o túnel tem cerca de 9m de comprimento e 4m de altura.



A seção de testes tem 30cm x 30cm e 2m de comprimento. Iniciado em 2011, o projeto foi inaugurado no fim de maio e instalado no Núcleo Interdisciplinar de Dinâmica dos Fluidos com o objetivo de contribuir para dar mais segurança aos voos comerciais. Segundo Cotta, coordenador do projeto, é preciso certificar com mais rigor e desenvolver sondas que possam diminuir riscos em situações tão adversas como as dos voos atualmente.

Projetado e construído por pesquisadores da Coppe, o túnel de vento custou cerca de R$ 350 mil, recurso da Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Rio de Janeiro (Faperj). A máquina faz parte do compromisso assumido pela Coppe de intensificar as pesquisas em segurança aérea depois do acidente com o voo AF447 da Air France, que fazia a rota Rio;Paris em 31 de maio de 2009 e matou 228 pessoas. Mais do que um desafio profissional do professor Renato Cotta, a conclusão do túnel teve uma motivação pessoal: ele perdeu filha e o genro no desastre aéreo.

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