Bruna Sensêve
postado em 03/09/2014 08:35
O procedimento é radical e irreversível, mas muitas mulheres diagnosticadas com câncer de mama optam por ele. A mastectomia bilateral é o nome técnico dado à remoção do tecido mamário de ambos os seios, procedimento mais agressivo que outras opções de tratamento e prevenção ao avanço do tumor. De acordo com dados de um estudo divulgado hoje, em 2011, 12% das pacientes que tinham recebido havia pouco tempo o diagnóstico da doença optaram pela mastectomia bilateral, apesar da falta de certeza de que a abordagem era a melhor alternativa. Isso porque a estratégia realmente não está associada a um menor risco de morte se comparada à cirurgia conservadora da mama aliada à terapia com radiação.
Ensaios clínicos randomizados têm demonstrado sobrevida semelhante para pacientes com estágio inicial de câncer de mama tratados com a cirurgia tradicional (a lumpectomia) e a radioterapia ou com a mastectomia. No artigo publicado na revista científica Journal of the American Medical Association (Jama), os pesquisadores do Centro Médico da Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, destacam que, em uma época de crescente preocupação com o excesso de tratamento, a relação risco/benefício da mastectomia bilateral deve ser considerada cuidadosamente, pois levanta uma questão maior de como os médicos e a sociedade devem responder à preferência da paciente por uma intervenção mórbida, onerosa e de eficácia duvidosa.
As conclusões dos cientistas correspondem à análise de cerca de 190 mil mulheres da Califórnia diagnosticadas com o câncer de mama entre 1998 e 2011. Allison Kurian, autora principal do estudo, buscou respostas nesse campo devido à quantidade de atenção voltada para a mastectomia bilateral e à dificuldade de saber quais são as reais taxas de mortalidade entre os procedimentos. Esse é o primeiro estudo a comparar diretamente as taxas de sobrevivência após a lumpectomia, a mastectomia unilateral e a bilateral (veja infografia).
Eles descobriram que a realização da mastectomia bilateral aumentou de 2% em 1998 para 12,3% em 2011. O crescimento mais significativo desse procedimento ocorreu entre mulheres com menos de 40 anos: de 3,6% para 33%. Em comparação ao tratamento com a cirurgia conservadora da mama e a radiação, a mastectomia bilateral não foi associada com uma diferença de mortalidade. Porém, o estudo revelou uma taxa de sobrevivência ligeiramente menor entre as mulheres que se submeteram à mastectomia unilateral.
;Agora, podemos dizer que a média dos pacientes de câncer de mama que fizeram mastectomia bilateral não terá melhor sobrevida do que a média dos submetidos à lumpectomia mais radiação;, garante Kurian. A cientista complementa ressaltando que a mastectomia é um procedimento que pode exigir um tempo de recuperação significativo e implicar na reconstrução da mama. ;A lumpectomia é muito menos invasiva, com um período de recuperação mais curto;, compara.
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