Jornal Correio Braziliense

Ciência e Saúde

Concentração de gases que provocam o efeito estufa bate recorde em 2013

A Organização Meteorológica Mundial destaca que as concentrações de dióxido de carbono, metano e protóxido de nitrogênio "atingiram novos máximos em 2013"

Genebra - Os gases que provocam o efeito estufa atingiram em 2013 níveis recorde de concentração, o que prejudica a atmosfera e os oceanos, adverte a Organização Meteorológica Mundial (OMM). "Sabemos com certeza que o clima está mudando e que as condições meteorológicas estão se tornando mais extremas por causa das atividades humanas, como a exploração de combustíveis fósseis", afirmou o secretário-geral da OMM, Michel Jarraud, ao apresentar em Genebra o boletim mais recente da agência da ONU sobre a concentração de gases que provocam o efeito estufa.



[SAIBAMAIS]Mas a OMM adverte, no entanto, que a maior quantidade de gases nos oceanos "tem um impacto de grande alcance", pois contribui para a acidificação, prejudicial para os ecossistemas marinhos e por extensão para a pesca, o turismo e o modo de vida de populações autóctones. A cada dia, os oceanos absorvem quase quatro quilos de CO2 por pessoa, explica a OMM. O ritmo de acidificação não tem precedentes nos últimos 300 milhões de anos.

"O dióxido de carbono permanece durante centenas de anos na atmosfera e ainda mais tempo no oceano. O efeito acumulado das emissões passadas, presentes e futuras deste gás resultará por sua vez no aquecimento do clima e na acidificação dos oceanos", advertiu Jarraud. O dióxido de carbono é o principal responsável pelo aquecimento global. Sua concentração na atmosfera aumentou em 2013 em 2,9 ppm (partes por milhão), o que representa a maior alta em ritmo anual desde 1984.

O CO2 tem origem com a combustão de materiais fósseis e com o desmatamento. O metano é o segundo gás mais importante a provocar o efeito estuda. Quase 40% das emissões desta substância na atmosfera têm origem natural (zonas úmidas, termitas, etc) e 60% de origem humana (criação de gado, cultivos de arroz, exploração de combustíveis fósseis, depósitos de lixo, etc).

O documento foi publicado pouco antes da reunião do clima de 23 de setembro em Nova York, convocada pelo secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, para preparar as negociações de 2015 em Paris, onde os países esperam alcançar um acordo histórico que entraria em vigor em 2020. A ONU deseja limitar o aquecimento global a dois graus centígrados na comparação com a época pré-industrial. Mas para muitos cientistas, com os níveis atuais das emissões de gases que provocam o efeito estufa, as temperaturas devem aumentar ao fim do século mais de quatro graus em relação ao período pré-industrial.