Agência France-Presse
postado em 11/09/2014 17:52
Washington - Com um peso de até 20 toneladas, o Spinossaurus era um mastodonte curioso, uma espécie de cruzamento entre pato e crocodilo, e possuía traços anatômicos que sugerem uma adaptação ao meio aquático, de acordo com uma análise de fósseis encontrados no Marrocos. Este dinossauro carnívoro, que viveu há 95 milhões de anos, tinha até 15 metros de comprimento e possuía vinte dentes afiados em uma boca longa e estreita, com a qual devorava peixes. O Spinossaurus supera assim o tamanho do famoso Tyrannosaurus rex, que viveu na América do Norte milhões de anos mais tarde, segundo a equipe de cientistas que publicou seu artigo na revista americana Science. De acordo com esta equipe internacional de pesquisadores, o Spinossaurus é o maior dinossauro predador conhecido até hoje, superando em mais de três metros o maior exemplar do T. Rex já descoberto.
O fóssil do mais completo esqueleto de Spinossaurus mostra claramente que podia se mover em terra firme e na água, segundo Paul Sereno e Nizar Ibrahim, paleontólogos da Universidade de Chicago, principais responsáveis pela descoberta. Ossos de partes do crânio, da coluna vertebral, da pélvis e das extremidades foram encontrados ao longo de vários anos em uma zona de sedimentos de água doce no Saara marroquino, sudeste do país. Estes ossos oferecem sinais claros de que o animal vivia ao menos parte de seu tempo na água, tornando-se assim o primeiro dinossauro conhecido capaz de nadar.
De acordo com o estudo, répteis marinhos como os plessiossauros e os mosassauros não era dinossauros, apesar de terem uma aparência semelhante. Entre as características jamais vistas antes em outros dinossauros, os pesquisadores destacaram a presença do nariz no alto da cabeça para evitar a entrada de água. Também mencionaram as patas dianteiras relativamente longas e grandes com membranas que permitiam que nadasse e também caminhasse por solos pantanosos.
O estudo também destaca uma grande densidade óssea nas extremidades, que teria permitido que este dinossauro pudesse submergir invés de apenas flutuar. O anatomista J.G.M. Thewissen, da Universidade de Medicina de Ohio, ressaltou que essa densidade é semelhante à das primeiras baleias ou à dos hipopótamos modernos. Na visão de Sereno, o Spinossaurus, com sua boca de crocodilo, seu pescoço longo e corpo estirado, devia parecer uma mistura de pato com crocodilo.
Os especialistas observaram que este dinossauro devia ter muita dificuldade em terra firme para manter o equilíbrio durante muito tempo, por causa da anatomia de suas patas traseiras. Também possuía uma enorme crista nas costas, que se assemelha à vela de um barco. Os primeiros ossos do Spinossaurus foram achados em 1912, no Egito, e foram descritos em 1915 pelo paleontólogo alemão Ernst Stromer von Reichenbach, que, no entanto, não conseguiu decifrar suas capacidades de adaptação à água.
Esses ossos, que se encontravam em Munique, foram destruídos pelos bombardeios na Segunda Guerra Mundial e foi necessário esperar quase um século para conseguir outro esqueleto, que teve suas primeiras peças achadas por um nômade, colecionador amador de fósseis no Marrocos. As notas, desenhos e publicações de Stromer sobreviveram em uma casa de sua família na Baviera e permitiram fazer comparações com os ossos achados no Marrocos. Os cientistas reconstruíram este esqueleto com os novos ossos e versões digitais das anotações de Stromer, e com a ajuda do exame de um ancestral do Spinossaurus, o Suchomimus, que era bastante diferente.