Isabela de Oliveira
postado em 18/09/2014 09:36
No campo de batalha, defendendo seu trono, o rei desce do cavalo e passa a enfrentar os inimigos no solo. Ele está vulnerável, sem capacete, e prestes a sofrer uma morte dolorosa. É atingido repetidas vezes na cabeça e cai de joelhos, antes de receber os golpes fatais na parte posterior do crânio. Essas são, muito provavelmente, as circunstâncias da morte, em 1485, de Ricardo III, o último membro da família York a governar a Inglaterra. Uma descrição tão detalhada só se tornou possível graças a uma ampla análise dos restos mortais do monarca realizada na Universidade de Leicester e apresentada ontem na revista The Lancet.O esqueleto da personagem histórica foi encontrado em 2012, sob um estacionamento da cidade de Leicester. Desde então, análises recuperaram sua aparência (ilustração ao lado) e comprovaram que ele não era corcunda como diziam relatos posteriores à sua morte, incluindo uma peça de William Shakespeare ; ele, na verdade, tinha escoliose, curvatura da coluna vertebral em que a espinha dorsal se retorce para um dos lados. Agora, usando técnicas forenses de última geração, especialistas identificaram cada um dos ferimentos sofridos por Ricardo na Batalha de Bosworth, onde sucumbiu.
Os últimos momentos do governante foram terríveis, diz Jo Appleby, principal autora do estudo. De acordo com a análise, o ângulo dos dois golpes mortais na parte de trás da cabeça indica que a vítima estava ajoelhada. Uma das perfurações, de 6cm x 5cm, próxima à nuca, parece ter sido provocada por uma espada. No total, o rei sofreu 11 ferimentos, sendo um deles na pélvis, aplicado na nádega direita e que poderia matá-lo. Entretanto, é provável que tenha sido infligido após a morte, já que, durante a luta, o rei vestia uma armadura que protegia a região.
O estudo também indica que três lesões no crânio foram de raspão e cortaram parte do couro cabeludo, causando grande sangramento. É quase certo, ainda, que o monarca tenha sido abatido por mais de um homem e por mais de uma arma. Uma adaga ou punhal deixou um ferimento linear na mandíbula inferior direita. Uma outra, em forma de fechadura, foi encontrada na cabeça. Foram identificados danos também na 10; costela direita. Todos esses ferimentos sugerem que Ricardo III tenha morrido depois de ser cercado por inimigos ; o que corrobora relatos de que ele precisou descer do cavalo, que ficou preso à lama.
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