Jornal Correio Braziliense

Ciência e Saúde

Análise de antigas sepulturas em MG mostra rituais de primeiros brasileiros

Material fornece pistas de como evoluiu a cultura dos grupos pré-históricos que viveram no território nacional

Primeiro, o corpo era mutilado, tendo pele, músculos e dentes retirados. Os ossos, desarticulados e queimados, recebiam um tratamento com pigmentos avermelhados, e eram eles que iam para a pequena cova, onde dividiam espaço com esqueletos de outros membros do grupo. Era dessa forma que os povos que viveram há cerca de 10 mil anos onde hoje fica a região mineira de Lagoa Santa, nas proximidades de Belo Horizonte, enterravam seus mortos. O ritual, que pode parecer bárbaro aos olhos do presente, evidenciam, na verdade, o profundo respeito que esses antigos humanos tinham pelos que faleciam. A complexa liturgia é um forte indício de que a cultura dos ;primeiros brasileiros; era muito mais rica do que se imaginava até pouco tempo atrás.



;A grande vantagem desse trabalho é que nós mudamos um pouco o foco dos estudos de Lagoa Santa. Por muitos anos, os pesquisadores da região estavam preocupados com o processo migratório do ser humano para a América. Outro tema recorrente era se eles tinham convivido ou não com a megafauna da época. Mas não estamos tão preocupados com esses temas;, diz Oliveira, pesquisador da Universidade de São Paulo (USP).

Na arqueologia, os rituais fúnebres são um dos mais valiosos registros do comportamento simbólico. Os esqueletos, porém, são escassos. Felizmente, o portal para o passado foi aberto no século 19, quando foram iniciadas as escavações no local. Uma gruta em especial, a Lapa do Santo, guardou durante os últimos 10 mil anos, período chamado de Holoceno, informações importantes sobre a cosmologia dos caçadores-coletores que ocuparam a região.

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