postado em 26/09/2014 17:10
Ter uma gravidez conturbada e com altos níveis de estresse oferece riscos não só para o bebê, mas para as quatro gerações seguintes. Ao menos é o que sugere a pesquisa da professora da Universidade de Brasília (UnB) Fabíola Zucchi. O resultado apresentado em agosto deste ano ganhou repercussão em 102 publicações científicas.O estudo realizado em conjunto com pesquisadores da Universidade de Lethbridge, no Canadá, aponta que o nascimento prematuro, elevados níveis de glicose e retardo no desenvolvimento sensorial são alguns sintomas que os filhos podem apresentar. O parto prematuro é uma das principais causas de morte e pode acarretar múltiplos problemas ao longo da vida.
O teste realizado em três gerações de ratos - divididos em grupos de estressados e não estressados - comprovou que as filhas dos estressados tinham gestação mais curta, além dos problemas físicos, as proles também apresentaram dificuldades cognitivas e demoraram mais para realizar tarefas corriqueiras ou se movimentar. "Não somente os animais expostos ao estresse apresentaram disfunções, mas também aqueles cujas avós passaram por situações estressantes;, explica Fabíola.
Para a pesquisadora, há indícios de que a transmissão do estresse também pode ocorrer em humanos. Outra pesquisa feita em gestantes e fetos submetidos ao estresse e a fome na Holanda, na Segunda Guerra Mundial, confirma a teoria. ;Como se trata de um país que manteve dados epidemiológicos de várias gerações, ficam mais claras as evidências de distúrbios. Foram relatadas mudanças metabólicas e problemas de saúde nos netos de mulheres grávidas expostas à fome;, afirma.