Jornal Correio Braziliense

Ciência e Saúde

Pterossauro que viveu há 111 milhões de anos é descoberto no Ceará

O resultado da pesquisa confirma a relevância do Nordeste na paleontologia



Durante quatro anos, pesquisadores das universidades Federal de Pernambuco (UFPE), Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) e Regional do Cariri (Urca) fizeram estudos no Centro Acadêmico de Vitória (CAV), na Região Metropolitana do Recife. O fóssil do animal mantinha a cabeça quase completa, sem mandíbula e com duas vértebras do pescoço. Entre as características singulares à espécie, está a presença de uma grande crista e de dentes finos à frente do crânio, o que permitia ao animal romper a superfície da água para pegar peixes. Os estudos para identificação da espécie foram iniciados em 2011, sendo tema da dissertação de mestrado de Renan Bantim pela UFPE. O fóssil foi comparado a outras 46 espécies que estão no Museu Nacional de Paleontologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). ;Comparamos com todos os pterossauros que são conhecidos no mundo. Ele não tinha característica de nenhuma das espécies;, conta a professora de Paleontologia do CAV Juliana Sayão, que também faz parte do Programa de Pós-Graduação em Geociências do Centro de Tecnologia e Geociências da UFPE.

Álamo Saraiva, professor de paleontologia da Urca, ressaltou que descobertas como essas podem ajudar a compreender o presente. ;A partir do conhecimento que vamos tendo, podemos entender algumas coisas que estão acontecendo hoje relacionadas às mudanças climáticas e ao aquecimento global, por exemplo. A paleontologia estuda o passado, baseado no presente, para que a gente possa se programar para um futuro;, explicou Saraiva.

Agora, os pesquisadores pretendem analisar a idade do animal. ;É mais uma espécie na região do Araripe. São, no total, 24. Como temos muitas aves atualmente, provavelmente os pterossauros eram representantes das aves naquela época;, observou autor da dissertação, Renan Bandim. Também participa do estudo Gustavo Oliveira, do Departamento de Biologia da UFRPE. Em dezembro, o fóssil e uma reprodução feita durante a pesquisa passarão a compor o acervo permanente do Museu de Paleontologia de Santana do Cariri/Urca.