Ciência e Saúde

Técnica recupera eficiência do cérebro apresentada na juventude

Com a técnica, seria possível a recuperação após lesão ou na correção de distúrbios de desenvolvimento em humanos

Bruna Sensêve
postado em 16/10/2014 07:59
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Aprender um idioma quando criança é fácil, mas tudo muda de figura quando o aluno é um adulto. Da mesma forma, crianças que nascem com defeitos oculares podem recuperar a visão se o problema for corrigido logo. Isso porque, com o passar do tempo, o cérebro altamente plástico e adaptável na infância se torna mais ;rígido; e resistente às mudanças. Estudo publicado na edição de hoje da revista científica Science Translational Medicine, porém, relata uma maneira de ;desbloquear; a plasticidade no cérebro de camundongos adultos. A técnica ajudaria na recuperação após lesão ou na correção de distúrbios de desenvolvimento em humanos.

Segundo a equipe de pesquisadores da Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, liderada por Carla Shatz, uma forma de acompanhar a queda da plasticidade cerebral é monitorando a capacidade do órgão de coordenar os dois olhos, aprendida nos primeiros meses de vida. Para trazer essa realidade ao laboratório, Shatz produziu camundongos com ambliopia ; uma redução da acuidade visual em um dos olhos e mais raramente em ambos ; e descobriu que o cérebro adulto, na verdade, não perde a capacidade de agir plasticamente. Ele simplesmente desliga essa habilidade ao ativar a via de um receptor chamado PirB (veja infográfico).

O especialista explica que a pesquisa tem como base uma extensa família de receptores imunológicos que trabalham na regulação celular não só dos neurônios, mas em todo o organismo. ;Esses de agora parece que têm uma relação maior com alterações neurológicas, e a inibição deles aparentemente provocou uma regeneração acelerada dos processos de lesão cerebral;, diz. Segundo Milani, isso levaria a diversas implicações na neurologia, principalmente nos quadros ligados à neurorreabilitação que envolvem os conceitos de neuroplasticidade e alterações punitivas em situações de dano do tecido cerebral. ;Vejo até que, se isso se comprovar, é um grupo que tem uma grande chance de um dia no futuro ser indicado para um Nobel de medicina tamanha a possibilidade de aplicação dessa técnica;, aposta.

[SAIBAMAIS]Para a pesquisadora Joanna Brooks, da Universidade Nacional da Austrália, a novidade do estudo de Stanford está na descoberta exclusiva da ação do receptor. Uma pesquisa divulgada por ela na 12; Conferência Internacional de Neurociência Cognitiva, em julho deste ano, na Austrália, mostrou que pelo menos uma parte do cérebro humano com certeza processa informações da mesma forma independentemente da idade do indivíduo.

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