Roberta Machado
postado em 19/10/2014 08:00
Cientistas encontraram pistas de que o distúrbio do espectro autista teria origem relativamente recente na evolução humana. A descoberta é de um grupo de pesquisadores da Escola de Medicina da Universidade de Washington, nos Estados Unidos, e foi apresentada ontem, durante o encontro anual da Sociedade Norte-Americana de Genética Humana, em San Diego. De acordo com o estudo, uma região do genoma relacionada ao distúrbio sofreu mudanças complexas nos últimos 250 mil anos, depois que já havia surgido o homem como o conhecemos hoje. Isso indicaria que ao menos parte dos fatores que influenciam o autismo são exclusividade do humano moderno. Os resultados apontam um caminho para análises mais profundas acerca da influência dos genes sobre o problema e podem ajudar na busca por novos diagnósticos e tratamentos.Na pesquisa, foram analisados os genomas de 2.551 humanos, 86 macacos, um neandertal e um hominídeo de Denisova, descoberto recentemente na Sibéria. O alvo dos estudiosos era uma região do cromossomo 16 conhecida como 16p11.2, onde podem acontecer duplicações ou eliminações de segmentos de DNA. Os geneticistas já sabiam que determinados segmentos genéticos dessa região se repetem de forma diferente, o que pode ser uma causa do autismo.
O trabalho mostrou que a 16p11.2 era muito mais complexa em humanos do que em seus ancestrais, e que macacos e hominídeos não apresentavam as mesmas variações que os cientistas relacionam hoje ao distúrbio. ;Somente humanos têm uma estrutura em que as eliminações e as duplicações na região 16p11.2 ligadas ao transtorno podem ocorrer. Então, pelo menos os casos de autismo relacionados com a região 16p11.2 são exclusivos dos humanos;, conclui Xander Nuttle, estudante do Departamento de Ciências Genômicas da Escola de Medicina da Universidade de Washington e principal autor do estudo.
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