Jornal Correio Braziliense

Ciência e Saúde

Cientistas buscam soluções para problemas de astronautas no espaço

Fora da Terra ou simulando as condições de microgravidade, cientistas buscam soluções para resolver problemas como cárie e arritmia cardíaca tanto em astronautas quanto em quem não cogita deixar o planeta

Ao ver um astronauta flutuando numa nave espacial, é comum pensar como ele faz para se alimentar, ir ao banheiro, escovar os dentes ou mesmo pentear os cabelos. A microgravidade a que ele está submetido é a experiência de aparente ausência de peso. Ali, a força que mantém os corpos junto ao solo é zero. Mas a mudança não está só nos objetos e nos corpos pairando no ar. Essa força é responsável por manter os astronautas estáveis também internamente. Sem ela, a vida vagando no espaço se torna ainda mais árdua que a daqueles ;presos; em terra firme. Pesquisas sobre a saúde de músculos, ossos e órgãos fora do planeta buscam melhorar a vida de humanos nessas condições, investigam a possibilidade de moradia em outros astros e ainda ajudam na busca por solução de problemas muito comum entre os terrestres, como a cárie.



Um estudo conduzido pela dentista brasileira Simone Duarte, hoje diretora do curso de farmacologia da Faculdade de Odontologia da Universidade de Nova York, concluiu que a probabilidade de uma pessoa desenvolver cárie no espaço é bem maior que na Terra. O trabalho foi divulgado na Revista Fapesp deste mês, após a cientista ter comprovado, por meio de testes laboratoriais, que a placa dental responsável por abrigar as bactérias causadoras da cárie, chamada de biofilme oral, tem massa duplicada em condições de microgravidade. Duarte produziu duas placas de biofilme oral e, com a ajuda de um biorreator que simula situações de gravidade zero, deixou uma exposta a condição similar à do espaço e outra em gravidade terrestre. Em cinco dias, observou-se uma diferença de 2,5 vezes na proliferação de bactérias na primeira amostra.

Segundo ela, ainda não é possível saber quais fatores contribuem para esse comportamento dos micro-organismos, mas o resultado do estudo fornece mais elementos para que a busca por novos métodos de prevenção e tratamento da cárie continue. ;É preciso conhecer bem o inimigo para poder derrotá-lo;, explica.



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