Ciência e Saúde

Redução do estômago pode ajudar no controle ao diabetes em não obesos

Estudo divulgado na Lancet reforça a tese de que o procedimento previne o problema metabólico em pacientes com e sem excesso de peso

Bruna Sensêve
postado em 03/11/2014 08:56
Ainda na década de 1950, os resultados de um procedimento cirúrgico começavam a ter efeitos complementares inesperados. Pacientes com úlceras ou cânceres gástricos eram submetidos a cirurgias de remoção parcial do estômago e redirecionamento do trânsito digestivo para porções mais baixas do intestino delgado. O problema inicial era resolvido, mas, com ele, os níveis de glicose no sangue tinham uma redução dramática. A associação entre o que passou a ser chamado de cirurgia bariátrica e o tratamento do diabetes chamou a atenção de médicos em todo o mundo, e diversos estudos e novas conclusões pipocaram. Um novo artigo publicado na edição de hoje da Lancet Diabetes e Endocrinologia comprova o efeito protetor da cirurgia na prevenção ao problema metabólico e chega ainda mais próximo da indicação do procedimento para pacientes que não obesos.

Estudo divulgado na Lancet reforça a tese de que o procedimento previne o problema metabólico em pacientes com e sem excesso de peso

Mais de 80% dos adultos com diabetes tipo 2 estão acima do peso ou obesos. Hoje, esse é o principal fator de risco modificável para a doença. A redução da massa corporal pode reverter quadros iniciais do problema metabólico ou mesmo prevenir o surgimento dele. O emagrecimento a partir da mudança de estilo de vida, da dieta adequada, da atividade física regular e do uso de medicação é aconselhado por endocrinologistas como a primeira linha de tratamento e prevenção da condição. Somente pacientes categorizados como obesos mórbidos, por apresentarem índice de massa corporal (IMC) acima de 40, têm a sugestão de se submeter à cirurgia bariátrica para reduzir os ponteiros da balança.



Não foi exatamente essa regra que o professor de saúde pública do King;s College London, no Reino Unido, Martin Gulliford, seguiu. Ele e sua equipe avaliaram o efeito de procedimentos cirúrgicos contemporâneos de perda de peso no desenvolvimento do diabetes. Identificaram 2.167 adultos obesos sem diabetes e submetidos a uma das três cirurgias mais comuns para a perda de peso ; banda laparoscópica ajustável, gastrectomia vertical ou bypass gástrico (veja infográfico) ; a partir de 2002. Os pacientes foram comparados a 2.167 participantes do grupo de controle, pareados por idade, sexo, IMC e monitoramento de glicose no sangue. No último grupo, ninguém havia sido operado contra a obesidade ou feito outro tratamento. Os participantes foram acompanhados por um período máximo de sete anos.

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