Vilhena Soares
postado em 07/11/2014 09:00
Epidemia mundial, a obesidade preocupa as autoridades de saúde por estar relacionada a uma série de doenças, como diabetes e problemas cardíacos, que podem levar à morte. Os riscos ao organismo, somados ao culto ao corpo esbelto, fazem com que grupos de pesquisa espalhados pelo planeta procurem incessantemente novas formas de tratar o problema. Um estudo publicado ontem na revista especializada Cell sugere que talvez não seja preciso ir muito longe nessa busca. A solução, apontam os autores do trabalho, pode estar dentro do próprio corpo humano.Primeiro, os cientistas, da Universidade de Cornell, nos Estados Unidos, descobriram que a família de bactérias Christensenella é mais frequente na flora intestinal (grupo de micro-organismos que habita o intestino) de pessoas magras. Depois, para testar se essa relação não era uma simples coincidência, os autores implantaram uma espécie desse grupo, a Christensenellaceae minuta, em ratos e notaram que os animais engordaram menos que outros que não receberam os micróbios e foram alimentados da mesma forma.
O estudo não só abre uma nova frente de investigação para o controle da obesidade como traz pistas de como a genética atua para tornar alguns indivíduos mais predispostos ao sobrepeso do que outros. Isso porque o estudo contou com a participação de 416 pares de gêmeos, sendo 171 idênticos e 245 fraternos. Ao analisar o material fecal desse grupo de voluntários, os especialistas notaram que a quantidade de bactérias Christensenella era muito mais semelhante entre os gêmeos idênticos ; que compartilham 100% do material genético ; do que entre os fraternos ; que têm apenas 50% do DNA igual.
Ou seja, fatores hereditários parecem favorecer a presença do micro-organismo que auxilia o emagrecimento. ;Nossa pesquisa mostra que a composição da microbiota intestinal é influenciada parcialmente pela genética humana. Isso significa que existem genes que possuem algum efeito sobre a abundância de tipos específicos de micróbios no intestino;, resume ao Correio Ruth Ley, primeira autora do artigo e pesquisadora do Laboratório de Microbiologia da Universidade de Cornell. ;Esse é o primeiro estudo a estabelecer firmemente que certos tipos de micróbios do intestino são hereditários, e que sua variação em uma população é, em parte, devido ao genótipo, e não apenas às influências ambientais;, completa.
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