Bruna Sensêve
postado em 07/11/2014 11:13
Na Pensilvânia, nos Estados Unidos, uma menina de apenas 2 anos e meio apavorou os pais ao sofrer uma reação alérgica grave inusitada. Os lábios e língua da garota incharam, a pele estourou em urticárias e uma dificuldade acentuada em respirar fizeram com que a família fosse imediatamente para uma sala de emergência e, em seguida, levada de helicóptero a uma unidade de terapia intensiva. Tudo isso, acredite, por causa de uma laranja. A criança é o primeiro caso de reação alérgica com risco de vida, chamada anafilaxia, após comer a fruta. A história foi relatada em um trabalho divulgado nesta quinta-feira, na Reunião Científica Anual do Colégio Americano de Alergia, Asma e Imunologia (ACAAI), que acontece nesta semana em Atlanta.
Os pesquisadores trazem ainda como motivação para a reação alérgica alimentar uma associação comum, porém pouco conhecida, com a asma. Ainda que isso passe despercebido pela maioria das pessoas, alergias e asma andam lado a lado. Estima-se que cerca de 90% das crianças diagnosticadas com o problema respiratório também tenham algum tipo de alergia. A questão é ainda mais profunda uma vez que, se a doença não for diagnosticada, ou se for mal controlada, os pacientes mais novos podem estar em risco de desenvolver reações alérgicas alimentares bastante complicadas.
;Ela comeu uma laranja e, em poucos minutos, tinha desenvolvido anafilaxia grave;, relatou o alergista e membro do ACAAI Sigrid DaVeiga. ;Após o tratamento e 48 horas de internação, a menina se recuperou e era confiável a liberação para casa;, completou. Com a situação sob controle, os especialistas se dedicaram a recolher o histórico médico detalhado da pequena paciente. Concluíram que, anteriormente, a criança não teve qualquer reação ao beber suco de laranja. Mais importante que isso: ela tinha sido diagnosticada com asma. Novos exames para comprovar a alergia revelaram que a forte reação também poderia acontecer quando a criança for exposta ao pêssego.
Diversas recomendações foram feitas após a superação do problema, como evitar ambas as frutas, obviamente. Porém, um dos pontos principais do tratamento deverá ser o início de uma terapia direcionada à asma. Juntas, as duas recomendações vão ;manter as futuras reações alérgicas sob controle;, garantiu o alergista. De acordo com ACAAI, é muito raro alguém ter qualquer reação alérgica grave, ou disposição a ela, ligada a laranjas.
Reação fatal
Trata-se de uma reação alérgica aguda, generalizada, potencialmente grave e ocasionalmente mortal. Ela nunca ocorre na primeira exposição a um alergênio. A reação anafilática começa quando o alergênio entra na corrente sanguínea e reage com um anticorpo da classe imunoglobulina E (IgE). Esse contato incita as células a libertar a histamina e outras substâncias que participam das reações imunes inflamatórias. Como resposta, as vias respiratórias dos pulmões podem se fechar e provocar a asfixia; os vasos sanguíneos se dilatam e reduzem a pressão arterial; e as paredes dos vasos sanguíneos podem deixar sair líquido, causando edema e urticária. Além disso, o coração pode funcionar mal, bater de forma irregular e bombear sangue de forma inadequada.