Junia Oliveira/Estado de Minas
postado em 10/11/2014 09:19
Belo Horizonte ; Quem diria que água salobra pudesse também ser fonte de vida e de renda? Pois é exatamente isso que ocorre no semiárido do Brasil, numa região onde poços artesianos são a única solução para garantir a sobrevivência de homens e animais. Pesquisadores da Universidade Federal Rural do Semiárido (Ufersa), em Mossoró (RN), encontraram a fórmula para tirar do rejeito produzido por dessalinizadores (equipamentos para tornar a água potável) a fama de vilão e transformá-lo em material nobre, capaz de incrementar a produção agrícola familiar e gerar renda em comunidades rurais. Agora, ele vai direto para viveiros de criação de tilápias, tolerantes ao material rico em sal, e para lavouras. Uma combinação aparentemente comum, mas inimaginável numa região onde o líquido mais precioso da humanidade é algo, simplesmente, escasso.
O projeto, iniciado em 2009 e atualmente aplicado em três comunidade da região, é comandado pelo professor Nildo Dias, do Departamento de Ciências Ambientais e Tecnológicas. Participam do estudo os alunos Jair José Rabelo de Freitas e Marlon Luan da Costa Ferreira, do 5; e do 6; períodos de agronomia, respectivamente. A ideia nasceu em uma visita de campo à comunidade de Bom Jesus, em Campo Grande, no estado potiguar, onde observaram os impactos da deposição do rejeito no solo. A ideia inicial foi aproveitar o material salino em um projeto de hortas comunitárias. Foram desenvolvidas estratégias de manejo para irrigar as hortaliças, entre elas a escolha de espécies tolerantes aos sais e à irrigação superficial. Depois de várias análises, os pesquisadores concluíram que as ações isoladas reduziriam, em parte, os impactos da deposição, mas não de maneira suficiente para fechar o ciclo de produção ambientalmente sustentável.
A partir daí, os três começaram a testar o uso do rejeito salino para a produção de tilápias em viveiro, por causa da elevada tolerância à salinidade do animal, integrado a outras ações. O sistema de produção deveria ser capaz de eliminar os riscos de impactos ambientais negativos e, também, contribuir para a segurança alimentar das localidades beneficiadas. Foi formulado um conjunto de ações que começa com o bombeamento da água salobra para a estação de tratamento, passando pela irrigação de mudas para reflorestamento até a alimentação de ovinos e caprinos (veja arte). ;Com a produção de tilápia e hortaliças, o projeto garante a segurança alimentar e nutricional das famílias e, ainda, o aumento da renda com a venda do excedente, fechando, assim, o sistema de produção ambientalmente sustentável;, afirma Nildo Dias.
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