Agência France-Presse
postado em 13/11/2014 19:36
Os raios podem iniciar incêndios florestais e até matar, uma ameaça que corre o risco de aumentar com as mudanças climáticas que, segundo cientistas, farão crescer a ocorrência de relâmpagos em 50% até o fim do século. O estudo de cientistas americanos, publicado na revista científica americana Science, se baseia em medições de precipitação e flutuabilidade das nuvens, aplicadas a 11 diferentes modelos climáticos que estimam quão quente o planeta poderá ficar em 2100."Com o aquecimento, as tempestades elétricas ficarão mais explosivas", afirmou o climatologista David Romps, da Universidade da Califórnia, em Berkeley. "O aquecimento aumenta a concentração de vapor d;água na atmosfera e, se você tem mais combustível em volta, quando a ignição ocorre, pode ser das grandes", comparou.
Estimativas anteriores de como os relâmpagos seriam afetados pelo aumento das temperaturas usaram técnicas indiretas, sem ligação direta com as precipitações. O resultado foi uma faixa variando de 5% a 100% mais raios para cada grau Celsius de elevação. O estudo atual se baseou na energia disponível para fazer subir o ar na atmosfera, combinada com as taxas de precipitação.
A energia potencial disponível para convecção (ou CAPE) é medida por radiossondas, instrumentos colocados a bordo de balões meteorológicos. "A CAPE é uma medida de quão potencialmente explosiva está a atmosfera", explicou Romps. "Nós achamos que o produto da precipitação e a CAPE ajudariam a prever (a ocorrência de) raios", continuou.
Usando dados do Serviço Meteorológico dos Estados Unidos, os cientistas descobriram que é possível prever 77% da incidência da descarga elétrica conhecendo as taxas de precipitação e CAPE.
Quando os parâmetros foram aplicados nos modelos climáticos, os cientistas descobriram que cada grau Celsius a mais na média global da temperatura do ar pode representar cerca de 12% mais quedas de raios.
Se as temperaturas aumentarem quatro graus Celsius até o fim do século, isto representaria um aumento de quase 50% na queda de raios. A ocorrência de raios em todo o mundo hoje é de 25 milhões ao ano.
Mais raios devem aumentar os riscos para as pessoas - que são feridas ou até mesmo mortas quando atingidas - e ter um efeito devastador em florestas e espécies animais e vegetais, pois uma maior ocorrência de raios poderia provocar mais incêndios em áreas de mata seca, matando aves e outras criaturas silvestres, bem como ameaçando as pessoas que vivem perto.