Paloma Oliveto
postado em 16/11/2014 08:07
Eram 10h59 de 11 de novembro de 1918. A 60 segundos do cessar-fogo, tombava, na França, o soldado americano Herny Gunther, o último homem a morrer na Primeira Guerra Mundial. Entre 1914 e 1918, o conflito ceifou mais de 18 milhões de vidas, entre civis e militares. O sangrento campo de batalha deixou, contudo, importantes legados para a medicina. Na era pré-antibióticos, os médicos tiveram de lidar com pacientes gravemente feridos, doenças infecciosas e amputações. Tudo isso ajudou a corrida por tratamentos mais eficazes, usados ainda hoje, 100 anos depois.
Naqueles tempos, os principais inimigos não eram os soldados do campo oposto. Esses podiam ser vistos por cima das trincheiras. Os piores eram os invisíveis. Micro-organismos que entravam pelos ferimentos, viajavam pela corrente sanguínea, apropriavam-se do corpo inteiro, levando à morte. Contra eles, não havia remédios certeiros ; os antibióticos só seriam descobertos em 1928, por Alexandre Fleming. O microbiólogo inglês começou a busca pelos agentes justamente impulsionado pelo grande número de óbitos ocorridos nos quatro anos de batalha devido a machucados infeccionados.
Um dos grandes vilões da guerra foi o tétano. Em 1914, oito em cada 1.000 soldados britânicos contraíam a doença. ;Isso fez com que se iniciasse o maior projeto de pesquisa médica de guerra do exército inglês com objetivo de prevenir a enfermidade e também diminuir a alta mortalidade;, conta Dennis Shanks, pesquisador do Instituto Army Malaria, da Austrália. O médico é um dos autores de uma série de artigos publicados na revista The Lancet, em uma edição comemorativa dos 100 anos do armistício.
A vacina antitetânica ainda não existia, e a única arma preventiva disponível era o soro de cavalo ; inseria-se a Clostridium tetani, bactéria causadora do tétano, no sangue do animal, que desenvolvia anticorpos. Esse material era, então, injetado nos humanos. Mas o método ainda levantava desconfiança, além do quê não tinha grande eficácia.
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