Ciência e Saúde

Bactérias em reservas minerais tornam obtenção de cobre mais sustentável

Processo reproduz o ciclo de vida da população de micro-organismos encontrados nas reservas de minerais de Carajás

Marta Vieira - Especial para o Correio
postado em 18/11/2014 06:09
Seres microscópicos quebram a estrutura do cobre ao se alimentar de elementos aos quais o metal está associado

Belo Horizonte ; Cientistas de laboratórios de pesquisa e tecnologia em Santa Luzia, na Grande Belo Horizonte, buscam inspiração nas sábias leis da natureza para o desenvolvimento de técnicas de preservação ambiental. Testes feitos nas instalações do Centro de Desenvolvimento Mineral (CDM) da Vale reproduzem o ciclo de vida da população de micro-organismos encontrados nas reservas de minerais de cobre de Carajás (PA). A experiência é considerada crucial num momento de seca e de energia cara no Brasil, além dos ganhos ambientais que poderá representar na extração do produto. O novo processo proposto pelo grupo de engenheiros da mineradora promete tornar mais limpa a obtenção do metal, reduzindo o uso de reagentes químicos, o consumo de água e a acumulação de rejeitos nos complexos industriais.

O trabalho dos pesquisadores começa numa espécie de berçário, onde as bactérias retiradas das jazidas de Carajás se adaptam e crescem em ambiente semelhante ao que as abrigava na maior província mineral do planeta. Responsável pelo projeto, o engenheiro de processos Felipe Hilário estuda, há quatro anos, como levar às unidades industriais a capacidade desses seres microscópicos de quebrar a estrutura dos minerais de cobre ao se alimentarem de elementos aos quais o metal está associado. Na natureza, para se manter vivos, grudados à superfície das rochas minerais, esses micro-organismos consomem fontes de carbono, enxofre, ferro, nitrogênio e potássio. Com as reações químicas que realizam, óxidos do metal podem, então, ser liberados.

O desafio dos pesquisadores é desenvolver tecnologia a partir desse fenômeno natural em escala industrial. As atuais unidades de extração de cobre da Vale, de Sossego e Salobo, em Carajás, usam o chamado processo de flotação, ou seja, a separação de partículas sólidas em um líquido capaz de promover a remoção delas. É como coar o café da manhã para servir a bebida. O minério torna-se material concentrado de cobre, que é comercializado pela companhia.



;Aquele material não suscetível ao processo de flotação está sendo estocado como rejeito. É para que esse minério seja aproveitado que os pesquisadores da Vale estão trabalhando nos laboratórios de Santa Luzia. A intenção é desenvolver o sistema de lixiviação (tornar solúvel) em pilhas com a inovação no uso dos micro-organismos;, explica o engenheiro Felipe Hilário. No processo convencional com minérios de cobre sulfetados, há grande necessidade de usar ácidos obtidos de reações que contêm enxofre, reagentes e água.

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