Ciência e Saúde

Pesquisadores descobrem que droga anti-HIV protege também a retina

O estudo revelou que o medicamento também bloqueia a atividade de uma via responsável pela ativação de processos inflamatórios

Bruna Sensêve
postado em 21/11/2014 08:26
O tratamento antirretroviral para o controle da infecção pelo HIV surgiu no fim da década de 1980 e revolucionou o cenário de devastação criado pela Aids nos primeiros anos da epidemia. Ele trouxe uma nova estratégia de combate à doença. Em vez de tentar destruir o vírus, esses medicamentos impedem que ele se multiplique no organismo. A tática é relativamente nova. A necessidade de uma resposta rápida e eficaz contra as inúmeras infecções e mortes fez com que o extenso período de estudos clínicos, normalmente exigido para a aprovação de medicamentos, fosse encurtado. Por isso, os efeitos dessas drogas a longo prazo ainda não são completamente entendidos pela comunidade científica.

O estudo revelou que o medicamento também bloqueia a atividade de uma via responsável pela ativação de processos inflamatórios

Alguns avanços nessa direção trouxeram conclusões inusitadas. Uma pesquisa publicada na edição de hoje da revista científica Science mostra que um tipo muito utilizado de antirretroviral, os inibidores nucleósidos da transcriptase reversa (NRTIs), além de tratar a infecção pelo HIV, pode ser usado contra enfermidades como a degeneração macular relacionada à idade e a doença do enxerto contra o hospedeiro. A primeira é a principal causa de perda da visão depois dos 50 anos. A segunda, um complicação do transplante alogênico (quando o material doado vem de outro indivíduo) de medula óssea.



Segundo a equipe liderada por Jayakrishna Ambati, da Universidade de Kentucky, nos Estados Unidos, esses benefícios terapêuticos até então desconhecidos não estão relacionados com a capacidade do medicamento de impedir que o vírus replique seu genoma para outras células. Agora, descobriu-se que ele também bloqueia a atividade de uma via responsável pela ativação de processos inflamatórios. ;Com isso, os NRTIs passam a ter uma dupla utilização e se tornam passíveis de um reaproveitamento de drogas;, afirma Ambati. A utilização dupla de medicações é importante por se tratar de uma combinação de substâncias já previamente aprovada quanto à segurança e à eficácia para o uso em humanos, diferentemente de substâncias ainda não experimentadas.

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