Ciência e Saúde

Novo tratamento: sistema imunológico do próprio paciente eliminaria tumor

Cientistas apostam em uma nova maneira de combater tumores: tornar o sistema imunológico do paciente mais forte e capaz de eliminá-los por conta própria

Bruna Sensêve
postado em 27/11/2014 06:07
Os tratamentos mais comuns hoje para combater o câncer são a rádio e a quimioterapia. O grande problema relacionado a essas estratégias é a toxicidade. Os agentes utilizados afetam tanto as células normais quanto as cancerígenas. Ainda que causem maior dano aos tumores do que aos tecidos saudáveis, a agressão ao organismo é grave, com efeitos colaterais massivos e, muitas vezes, debilitantes. Imagine, então, que fosse possível, em vez de adotar esses métodos, alterar a eficiência e o vigor do próprio sistema imune do paciente, transformando esse exército de defesa em supersoldados, mais fortes e habilidosos. Essa é justamente a proposta da imunoterapia, considerada o futuro da luta contra o câncer e que começa a apresentar os primeiros resultados.

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A edição desta semana da revista Nature traz uma série de cinco artigos sobre esse tipo de tratamento, que, por meio de experimentos clínicos, começa a fazer efeito sobre alguns tumores conhecidos. São terapias já aprovadas em alguns países para o uso em pacientes, apesar de ainda contarem com uma série de restrições com relação ao número de pessoas nas quais os testes são feitos e às condições de aplicação. Esses estudos já alcançaram respostas clínicas duráveis e há relatos de indivíduos livres de progressão da doença por muitos anos para cânceres como o melanoma e de rim.

Além disso, dois dos trabalhos publicados na Nature descrevem ensaios clínicos em fase 1 (testes de exposição à substância) e comprovam a eficácia da abordagem para tumores de pulmão, de pele e de bexiga urotelial metastático (UBC), considerado um dos mais difíceis de se combater. ;Não houve grandes avanços para o tratamento de UBC nos últimos 30 anos. A quimioterapia ainda é o padrão de atendimento. Os resultados dos pacientes, especialmente para aqueles em que a quimioterapia não é eficaz ou é mal tolerada, continuam ruins;, lembra um dos autores, Thomas Powles, da Universidade de Londres Queen Mary. Ele defende a expansão do tratamento imunoterápico para outros tipos de câncer.

Bloqueio
Atualmente, a descoberta dos mecanismos moleculares envolvidos na regulação imune permitiu o surgimento de estratégias que buscam superar a capacidade das células cancerígenas de driblar a vigilância protetora do paciente. Entre as ações de intervenção do câncer no sistema imunológico, os cientistas perceberam que o cancro é capaz de ligar vias inibitórias nas células de defesa. Elas são responsáveis por amortecer ou bloquear as respostas imunes em curso. Em condições normais, essa função é importante para estacionar uma hiperatividade imunitária, como em problemas autoimunes (quando a defesa do organismo ataca a si mesmo). A estratégia empregada pelo tumor não é nada benéfica para a situação do organismo. Sem a atuação do sistema imune, a progressão do tumor é certa.

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