Isabela de Oliveira
postado em 20/12/2014 08:04
Especialistas advertem: doenças oculares não são sinônimo de envelhecimento. A maior inimiga da visão não é a idade, mas a falta de informação. De acordo com a pesquisa Saúde Ocular na Terceira Idade, da Associação Retina Brasil com apoio da farmacêutica Bayer, 81% dos brasileiros nunca ouviram falar em degeneração macular relacionada à idade (DMRI), a principal causa de perda da visão em países desenvolvidos e em desenvolvimento.A pesquisa foi feita no mês passado com 5 mil pessoas em áreas de grande movimentação de São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Porto Alegre, Recife, Curitiba e Fortaleza. A maioria dos entrevistados tinha de 32 a 39 anos e 52% relataram algum problema oftalmológico. Embora 57% tenham dito que conhecem uma pessoa de idade avançada que perdeu a visão, 91% não sabiam o que é a degeneração da mácula.
Daniel Lavinsky, da Clínica de Oftalmologia do Mãe de Deus Center, em Porto Alegre, conta que não imaginava que a desinformação fosse tão grande no país. ;A degeneração é pouco comentada nos meios domésticos, embora hoje em dia já seja mais conhecida. Oitenta e um por cento é um número expressivo de pessoas.; Segundo o também professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), a DMRI é uma doença comum que provoca a deterioração da visão central em pessoas com mais de 60 anos. Basicamente, provoca lesões na mácula, um ponto de 2 milímetros de diâmetro próximo ao centro da retina.
[SAIBAMAIS]Se compararmos a estrutura do globo ocular a uma câmera tradicional, a retina corresponde a uma película. O tecido rico em pigmento, a coroide, seria uma câmera escura. E a mácula ; uma das regiões da retina com alta densidade de fotorreceptores, as células responsáveis pela nitidez da visão e pela cor da visão central ;, pode ser considerada uma película especial com alta sensibilidade à luz intensa. Quando danificada, as imagens processadas pela mácula são turvas e deformadas.
No Brasil, cerca 3 milhões de pessoas acima dos 55 anos têm o problema, sendo que até 800 mil delas poderão desenvolver a forma exsudativa (veja infográfico) em menos de 10 anos. Nos países subdesenvolvidos, as principais causas continuam sendo a catarata e o glaucoma. A previsão é de que o crescimento exponencial do envelhecimento da população no planeta eleve a prevalência do problema. ;Teoricamente, a extensão de faixa etária nessas regiões, principalmente nas nações desenvolvidas, é maior. Consequentemente, as doenças relacionadas ao avanço da idade são mais comuns;, explica Lavinsky.
Pior em Brasília
Outra curiosidade da DMRI é que ela é mais prevalente entre os caucasianos. Por isso, no Brasil, é mais frequente na Região Sul, onde há maior presença de indivíduos de pele clara e de origem europeia. Luis Fernando Rabelo Barros, oftalmologista do Visão Institutos Oftalmológicos, em Brasília, diz que a hereditariedade, a alimentação e principalmente o tabagismo podem desencadear a doença. Ele explica que a DMRI ocorre devido à oxidação das células da retina e, por isso, os tratamentos incluem vitaminas antioxidantes. ;O cigarro causa esse envelhecimento e predispõe à degeneração. O alerta é para as pessoas procurarem o médico uma vez ao ano, evitar o vícios e ter alimentação saudável, com alimentos como couve e peixes;, aconselha.
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