Ciência e Saúde

Cientistas afirmam que hormônio feminino reduz o risco de doenças cardíacas

O estrogênio protege as artérias femininas ao mesmo tempo em que a testosterona pode levar a uma pequena redução do sistema de defesa masculino

Bruna Sensêve
postado em 30/12/2014 06:02 / atualizado em 05/10/2020 12:09

Sobre a longevidade feminina, um fator não tem mistério: elas vivem mais simplesmente porque são mais saudáveis. Mas isso não acontece necessariamente porque se cuidam melhor do que os homens. A maioria das espécies que se reproduzem sexualmente tem padrões diferentes para o envelhecimento. Nos vertebrados, essas distinções são mediadas pelos hormônios sexuais. Essencialmente, o estrogênio garante o ciclo menstrual; e a testosterona, o desenvolvimento dos testículos e da próstata. No entanto, a ação de ambos os esteroides ultrapassa os limites dos órgãos sexuais e interfere em quase todos os processos metabólicos humanos, inclusive na duração da vida. O estrogênio protege as artérias femininas ao mesmo tempo em que a testosterona pode levar a uma pequena redução do sistema de defesa masculino.

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O processo de envelhecimento é acompanhado por alterações hormonais, como a redução do hormônio do crescimento e dos esteroides sexuais e o aumento do cortisol. Isso significa que crescem as chances de perda de músculos e de ganho de tecido adiposo. Um processo inflamatório subclínico que acompanha esse avançar dos anos é a chave para essa questão, mas também define alguns perigos para o sexo masculino. Geralmente, após os 40 anos, os homens sofrem com o aumento da gordura abdominal visceral — muito relacionada com a ampliação do risco cardiovascular. Já as mulheres sentem um acréscimo na subcutânea, principalmente nos quadris e nos membros inferiores.

“O tecido adiposo hoje é próximo a um órgão endócrino. Ele produz várias substâncias inflamatórias e tem receptores hormonais que podem fazer toda a diferença”, garante Clineu de Mello Almada Filho, professor do Departamento de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Segundo ele, uma visão sistematizada interessante dos últimos estudos na área chega à conclusão de que os homens têm um aumento da massa magra de forma geral; e as mulheres, da adiposidade. “Só que neles a adiposidade é mais visceral e hepática. Nelas, subcutânea e periférica”, compara.

O tecido visceral e hepático aumenta a resistência à insulina e promove alterações inflamatórias e em receptores importantes, elevando o risco cardiovascular. “Ou seja, o risco dos homens morrerem por doenças cardiovasculares é maior”, sintetiza Clineu Filho. A testosterona também pode ter participação nesse cenário. Ela inibe a ação de uma substância responsável por diminuir a sensibilidade à insulina. “As chances dos homens terem complicações cardiovasculares por meio da síndrome metabólica, desenvolvendo o diabetes e outras doenças degenerativas, são maiores”, complementa.

Benefícios circulatórios

Não só a testosterona sabota uma vida saudável para os homens, mas o estrogênio também garante proteção a mais às mulheres. Enquanto estão em um período de vida hormonal mais ativa, o hormônio feminino produzido atua principalmente nos vasos sanguíneos, controlando melhor a contratividade deles, ou seja, ajudando-as a ter uma administração melhor de como essas estruturas reagem às mudanças de pressão. “Enquanto é produzido, até a menopausa, existe esse efeito protetor vascular. Com a queda de produção desse hormônio, o vaso fica mais sujeito a um quadro de rigidez das paredes”, explica o geriatra João Bastos Freire Neto, presidente da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG).

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