Ciência e Saúde

Estirão brasileiro: altura média aumenta 3 centímetros em 30 anos

No mesmo período, ingleses e norte-americanos cresceram 1cm. Segundo especialistas, os avanços sociais e econômicos explicam o fenômeno

Isabela de Oliveira
postado em 03/01/2015 08:09
Quando se fala em qualidade de vida, tamanho é documento, pregam pesquisadores do Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece). Segundo eles, a altura média do brasileiro aumentou 3cm entre 1950 e 1980. Embora pareça modesto, esse acréscimo fornece um relevante mapa dos avanços sociais do país. As medidas traduzem biologicamente o histórico do padrão de vida de um povo. Por isso, a expectativa de vida, a estatura e as características do esqueleto são informações que permitem aos economistas fazerem uma avaliação alternativa às medidas monetárias, tradicionalmente utilizadas para avaliar o desenvolvimento humano de um país.

Victor Hugo de Oliveira, principal autor do trabalho que foi publicado recentemente na revista Economics and Human Biology, usou essas ferramentas, especialmente a altura, para avaliar os avanços socioeconômicos no Brasil em quatro décadas. O analista de políticas públicas analisou como a taxa de mortalidade infantil (TMI), o Produto Interno Bruto (PIB) per capita e a desigualdade de renda influenciaram a altura de brasileiros nascidos entre 1950 e 1980 em 20 estados.

Estudos na Espanha conduzidos por Climent Quintana-Domeque, pesquisador da Universidade de Oxford e orientador de Oliveira, indicaram que, no país europeu, a TMI era uma forte determinante da altura na vida adulta. Era esperado que algo semelhante fosse detectado no Brasil. Aqui, entretanto, a correlação mais forte foi com o PIB per capita. De acordo com os resultados, esse fator influenciou 43% dos centímetros que os brasileiros ganharam. Durante o mesmo período, a população da Inglaterra e a dos Estados Unidos cresceram 1cm; a da Irlanda, 2cm; a da Grécia, 3cm; a de Portugal, 4cm; e a da Espanha, 5cm.

De 1950 e 1980, o povo brasileiro, mas especialmente as crianças, foi favorecido com um enorme ganho nutricional, o que resultou em adultos mais altos. Além disso, Oliveira ressalta que houve melhoras consideráveis na infraestrutura no início do século 20, principalmente na Região Sudeste, privilegiada por uma reforma sanitária que implementou nas grandes cidades sistemas de esgoto e abastecimento de água.

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