Ciência e Saúde

Cientistas descobrem composto que atua como superantibiótico

Em experimento com ratos, a substância identificada no solo e cultivada em laboratório conseguiu eliminar as bactérias resistentes aos medicamentos atualmente disponíveis. Não há previsão para os testes com humanos, mas a expectativa é de que o efeito se repita

Vilhena Soares
postado em 08/01/2015 07:08
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Durante muitos anos, os antibióticos têm sido utilizados como arma principal de combate a infecções. A ingestão recorrente, porém, tem um problema: a resistência das bactérias a esses medicamentos. A estimativa é de que esses micro-organismos que não sucumbem às medicações disponíveis matem 10 milhões de pessoas por ano a partir de 2050. Por isso, cientistas correm contra o tempo para encontrar drogas mais potentes. Um estudo norte-americano divulgado na edição de hoje da revista Nature traz resultados animadores nesse sentido. Pesquisadores do Laboratório de Descobertas Antimicrobianas da Universidade de Northeastern identificaram um composto que mata também as superbactérias.

;A resistência aos antibióticos está se espalhando mais rápido do que a introdução de novos compostos para a prática clínica, contribuindo para uma possível crise de saúde nessa área;, justifica, no trabalho divulgado na Nature, Kim Lewis, um dos autores do estudo. Os pesquisadores analisaram 10 mil compostos retirados do solo ; uma antiga estratégia de busca de medicamentos ;, cultivaram-nos em laboratório e os testaram em ratos. A substância nomeada pela equipe por teixobactin apresentou os melhores resultados. ;Dado o modo de ação desse composto, investigamos o potencial dele como terapêutico. Ele manteve a potência na presença de soro, permaneceu estável e mostrou uma baixa toxicidade;, resume Lewis.

O teixobactin mostrou resultados positivos principalmente no combate às bactérias Clostridium difficile, Mycobacterium tuberculosa e Staphylococcus aureus, presentes, respectivamente, em infecções digestivas, tuberculose e infecções de pele. A ação do composto é semelhante à da vancomicina, um antibiótico de última geração para várias infecções bacterianas. Ambos agem quebrando as paredes celulares das bactérias. ;É como se elas explodissem, parecendo um balão de água. Por isso, acabam morrendo;, explica Naíra Bicudo, infectologista do Hospital Santa Luzia, em Brasília.

Os cientistas da Universidade de Northeastern destacam que, assim como quando a vancomicina estava sendo criada, o teixobactin vai precisar de mais testes para que possa ser usado clinicamente em humanos. Mas a equipe está otimista com os resultados já mostrados pelo novo composto que, de acordo com eles, poderá ser usado por muito tempo com eficácia.

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