Ciência e Saúde

Estudos indicam agressividade de tumores variam conforme as raças

As negras, por exemplo, morrem mais de problema nas mamas. Faltam, porém, explicações moleculares para essas disparidades

Bruna Sensêve
postado em 18/01/2015 08:03
Um tumor é o crescimento anormal de células em um determinado tecido do corpo. Pode ser benigno e não oferecer ameaça à vida, ou maligno, também chamado de câncer. Como as células começam a se desenvolver dessa forma e o que motiva o processo ainda intrigam os cientistas. Mas uma coisa é certa para quase todos os tipos de cancro: o peso da herança genética. Ter a mãe, a tia ou a uma prima com diagnóstico de câncer de mama, por exemplo, serve de alerta para que a mulher busque um acompanhamento preventivo minucioso. Se essa é uma verdade nas relações entre famílias, quanto também não une uma população, uma cultura ou uma etnia? Em busca de intervenções mais efetivas, pesquisadores estudam possíveis disparidades raciais e étnicas na incidência, na agressividade e até mesmo no tratamento de doenças como o câncer.

Centenas de trabalhos científicos, produzidos especialmente na América do Norte, mostram uma diferença na maneira com que os tumores malignos podem reagir de acordo com a informação genética herdada por determinada população étnica. Essas informações, na maioria das vezes, também refletem o estilo de vida, os hábitos culturais ou ainda as condições de acesso a um sistema de saúde de qualidade. Maria Paula Curado, epidemiologista do Centro Internacional de Pesquisa do A.C.Camargo Cancer Center, observa, porém, que ainda não há estudos que certifiquem a existência de um fator fisiológico específico para a ocorrência da doença em determinada etnia. ;Sabemos que a suscetibilidade é diferente. Isso do ponto de vista epidemiológico e sociodemográfico, mas não do ponto de vista molecular.;

De acordo com a Associação Americana de Pesquisa para o Câncer, as mulheres brancas têm as maiores taxas de incidência da doença em geral, mas as negras morrem mais em decorrência dela. O mesmo cenário acontece com os homens. Curado não sabe dizer se existe a confirmação desses dados entre a população brasileira pela mistura das raças, mas que fazer parte de um grupo étnico deve ser um fator considerado no momento de avaliar o risco de um paciente para algum tipo de tumor maligno, ressalta a especialista.

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