postado em 22/01/2015 09:47
Pesquisadores que estão construindo o maior mapa feito até agora das camadas gélidas da Groenlândia levaram um susto ao constatar que dois lagos localizados abaixo do gelo simplesmente desapareceram. Um deles, que continha bilhões de galões de água há até pouco tempo, secou em questão de poucas semanas. O outro encheu e voltou a ser drenado duas vezes nos últimos dois anos.Os cientistas, da Universidade Estadual de Ohio, publicaram informações sobre cada um dos lagos separadamente, nas revistas The Cryosphere e Nature. Ian Howat, professor associado de ciências da terra, liderou a equipe que estudou o lago descrito na primeira publicação. ;O fato de nosso lago aparentemente ter se mantido estável por várias décadas e, então, ser drenado em questão de semanas pode ser o sinal de que uma mudança fundamental está ocorrendo na camada gelada;, observa o cientista.
O estudo publicado na Nature foi liderado pelo pesquisador Michael Willis, da Universidade de Cornell, e Michael Bevis, da instituição de Ohio. Para eles, o fenômeno de cheia e esvaziamento sucessivos é motivo de preocupação. Cada vez que o lago se enche, a água derretida carrega com ela o calor estocado, chamado ;calor latente;, reduzindo ainda mais a espessura de gelo e, consequentemente, facilitando o fluxo d;água até o mar.
A equipe de Howat foi a primeira a detectar a cratera onde havia o lago, ocupando uma área de 50km na costa da Groenlândia. Ali, imagens aéreas e por satélite haviam indicado a existência de um lago subglacial por mais de 40 anos. Imagens mais recentes sugerem que, por volta de 2011, ele foi esvaziado através de um túnel abaixo da camada de gelo. A cratera mede 2km e tem 70m de profundidade. Os pesquisadores calcularam que o lago continha perto de 6,7 bilhões de galões d;água.
Em 2013, Bevis descobriu o lago descrito na Nature em circunstâncias similares. O pesquisador alerta para a possibilidade de que o fenômeno se alastre por toda a Groenlândia. ;Nós estamos vendo esses locais serem drenados e cheios novamente em tempo real. Com derretimentos assim, mesmo o interior mais profundo das camadas de gelo vai mudar;, alerta.