Paloma Oliveto
postado em 06/02/2015 06:05
Durante 22 anos, o paciente A foi dependente de heroína. Aos 47, já havia tentado de tudo para se livrar do vício, incluindo dois procedimentos de desintoxicação que incluíam anestesia geral. Nem isso, nem as intermináveis sessões de terapia comportamental, nem o tratamento de substituição com metadona surtiram efeito. O que salvou o homem, desde 2011 livre das drogas, foram eletrodos implantados no crânio. Primeiro voluntário a ser incluído em um estudo do Centro Médico Acadêmico de Amsterdã, na Holanda, A recebia frequentemente pequenas descargas de corrente elétrica no cérebro. Em seis meses, parou de usar o entorpecente.Ele, contudo, é uma exceção. Embora tenha se mostrado eficaz em experimentos científicos, a chamada estimulação craniana profunda para tratamento de dependência química esbarra na curta duração dos efeitos. Para resolver esse problema, uma equipe de pesquisadores suíços desenvolveu uma técnica mista para tratar a dependência que utiliza tanto a corrente elétrica quanto um fármaco que agem de maneira parecida à optogenética, um novo ramo da neurociência que utiliza a luz para atingir, com precisão, circuitos muito específicos do cérebro. O resultado, publicado na revista Science, é promissor, mas ainda não foi testado em humanos.
Christian Lüscher, pesquisador da Universidade de Genebra e principal autor do estudo, conta que a estimulação craniana tradicional, uma das bases do novo tratamento, nem de longe se parece com os eletrochoques que, até a década de 1970, quando foram banidos, torturavam os pacientes e, não raras as vezes, os matavam. Com modulações na intensidade e aprimoramento tecnológico, o procedimento é indolor, seguro e tem alcançado importantes resultados na área da saúde neurológica e mental.
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