Ciência e Saúde

"Guia de leitura" do genoma ajuda no combate a doenças como Alzheimer

Consórcio internacional publica o mais completo mapeamento do epigenoma humano, conjunto de compostos químicos responsável pela ativação ou desativação dos genes

Paloma Oliveto
postado em 19/02/2015 08:57
Considerado o livro da vida, o genoma é escrito pelas combinações entre quatro bases químicas: A, T, G e C. Cada célula do corpo, contudo, se concentra em capítulos específicos, aqueles que trazem as instruções de que elas precisam para executar suas funções no organismo. Para encontrar o papel exato que têm de desempenhar nesse enorme volume de 25 mil frases ; a quantidade de genes que constituem o DNA ;, elas contam com a ajuda de marcadores, que funcionam como aquelas canetas fosforescentes de destacar texto. É o chamado epigenoma, um conjunto de compostos químicos que, ao deixar sua marca nas células, regula a atividade genética. Erros nesse processo estão por trás de doenças como o mal de Alzheimer, o diabetes e o câncer.

[SAIBAMAIS]É por essa razão que o sequenciamento genético não basta para explicar o maquinário do corpo humano. Mais do que isso, os cientistas buscam compreender o epigenoma, um esforço que estimulou a criação de dois consórcios ; um europeu e outro americano ; formado pelas mais renomadas instituições de pesquisa do mundo. Hoje, na edição on-line na revista Nature, os integrantes do projeto dos EUA divulgaram, em 24 artigos, o mapeamento epigenético de 111 tipos de células e tecidos primários humanos. Todas as informações podem ser consultadas livremente no site http://www.ncbi.nlm.nih.gov/.



O volume de trabalho analisado é 6 milhões de vezes maior que o número de genes que compõem o DNA. ;Fizemos 2,8 mil experimentos, mapeando essas marcas por todo o genoma, examinando 150 bilhões de fragmentos de sequências, o suficiente para cobrir o genoma humano 3 mil vezes;, contou, em uma coletiva de imprensa, Manolis Kelli, professor de biologia computacional do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) e principal autor de um dos artigos publicados. Em seguida, um computador traduziu essas informações e as separou por tipo de célula e tecido.

;Esse recurso nos permite comparar diferentes tecidos e tipos de células no nível molecular e entender o que os faz diferentes;, observou Kelli, lembrando que, embora todas as células do corpo contenham o mesmo DNA, algumas se tornarão neurônios, e outras, hemácias, por exemplo. ;Em segundo lugar, com essas informações, podemos saber quais são os reguladores responsáveis por estabelecer a identidade de cada tipo de células. Por fim, fornecem uma referência para o estudo das bases moleculares das doenças humanas, ao revelar as regiões de controle que abrigam variantes genéticas associadas a diferentes distúrbios;, disse.

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