Pergunte a qualquer pessoa quem são as principais vítimas dos males cardiovasculares. A resposta será ;os homens;. Embora a prevalência das doenças coronarianas e de suas complicações seja mais alta entre eles, a mortalidade por essas causas é superior no sexo feminino em todo o mundo ; no Brasil, 6%, de acordo com um estudo da Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo. Ainda assim, as mulheres são subestimadas em pesquisas científicas que buscam detectar fatores de risco e resposta a novos tratamentos. O alerta está em uma série de artigos publicados na edição especial da Circulation: cardiovascular quality and outcomes, revista da Associação Americana do Coração.
Os autores citam grandes estudos epidemiológicos ; aqueles que analisam condições e determinantes da saúde populacional ; para mostrar que o coração feminino continua preterido, embora, hoje, a proporção de mulheres e homens em todo o mundo seja igual. O impacto clínico é enorme, avalia Harlan Krumholz, professor da Faculdade de Medicina e Saúde Pública da Universidade de Yale e editor da publicação. ;A consequência é a falta de informações importantíssimas: a mulher reage diferentemente do homem às doenças do coração? Nossos métodos de diagnóstico funcionam tão bem para mulheres como para os homens? Qual é a resposta delas para os tratamentos?;, indaga.
Lázaro Miranda, coordenador de Cardiologia do Hospital Santa Lúcia, de Brasília, lembra que, até a década de 1980, apenas 10% dos participantes dos grandes ensaios clínicos eram mulheres. ;Hoje, nos bons trabalhos, elas estão representadas em 20%. Ainda abaixo do ideal, que seria a metade;, afirma. O médico explica que, dessa forma, perde-se a oportunidade de compreender melhor a relação das doenças coronarianas e as particularidades do organismo feminino.
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