A observação de uma supernova ; a morte de uma estrela ; já é um momento de grande expectativa para astrônomos. O que dizer, então, quando quatro explodem ao mesmo tempo? Foi o que o que viu, por acaso, o astrônomo Patrick Kelley, da Universidade da Califórnia. Em 10 de novembro do ano passado, ele fazia um rastreamento de rotina nos dados coletados pelo supertelescópio Hubble quando percebeu estar diante de um fenômeno perseguido pelos cientistas há meio século. As imagens, que para um leigo parecem um amontoado de pontinhos sem graça, tiraram o fôlego de Kelley. ;Eu nem podia acreditar, mas não tinha dúvidas. Eram múltiplas imagens de uma supernova;, recorda.
O cientista não via a estrela morrer várias vezes, mas constatava, na tela do computador do Departamento de Astronomia da universidade, a materialização da teoria da relatividade geral, de Albert Einstein, cuja formulação completa 100 anos em dezembro. À frente de Kelley, não havia quatro supernovas, como poderia interpretar um leigo. O que ele assistia era uma espécie de ilusão de ótica prevista pelo físico alemão numa série de quatro artigos publicados em 1915.
Há um século, Einstein afirmou que a gravidade é uma consequência da distorção do tecido espaço-tempo. Segundo ele, antes de tudo, espaço e tempo não são coisas diferentes, mas um único sistema e, quanto maior a gravidade, mais lentamente se passa o tempo. Um objeto muito pesado, como uma estrela massiva, provoca a curvatura desse sistema. Um exemplo que os astrônomos dão para simplificar a complicada teoria é imaginar jogar uma bola pesada sobre um lençol bem esticado: ela vai empurrar para baixo o tecido. O mesmo, disse Einstein, ocorre no espaço. Até as partículas que formam a luz são deslocadas pela massa de um objeto celestial.
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