Ciência e Saúde

A gasolina com o chumbo contaminou mais a América do Sul que mineradora

Estudo mostra que algumas décadas de adição do metal à gasolina foram mais danosas que 2 mil anos de atividades mineradoras

Vilhena Soares
postado em 07/03/2015 07:50

A cientista Anja Eichler com o colega Leonhard Tobler: impacto ambiental medido

Decisões que ignoram o impacto sobre a natureza podem ter um preço ambiental caro e longo demais. É o que mostra um estudo feito por pesquisadores suíços sobre a contaminação por chumbo na América do Sul. A pesquisa, publicada ontem na revista especializada Science Advances, mostra que algumas décadas de adição do metal à gasolina foram mais danosas que 2 mil anos de atividades mineradoras, iniciadas no continente ainda pelas sociedades pré-colombianas ; nos anos de uso do combustível, a poluição triplicou.

Segundo Anja Eichler, coautora do trabalho e pesquisadora do Instituto de Pesquisa em Ciências Naturais Paul Scherrer (Suíça), estudos sobre o tema são comuns no Hemisfério Norte, mas havia uma quase completa ausência de dados na América do Sul. Buscando preencher essa lacuna, ela e colegas coletaram amostras de gelo da Montanha Illimani, nos Andes bolivianos, e as submeteram a uma análise detalhada com a ajuda de um espectrômetro de massa, aparelho usado para medir moléculas com extrema precisão. ;O Illimani foi escolhido porque ele está em estreita proximidade com os depósitos polimetálicos estendidos do altiplano, onde as atividades de mineração associadas à poluição de chumbo pesado têm sido praticadas desde os tempos pré-coloniais;, conta Eichler ao Correio.

A análise laboratorial do gelo boliviano mostrou que houve uma grande elevação da presença de chumbo ; uma material altamente tóxico ; no ambiente da região depois da década de 1960. ;Antes disso, a principal fonte antrópica (de origem humana) do chumbo na região era a mineração local, muito praticada durante os períodos das culturas pré-colombianas, da era colonial e da produção de outros metais (como o estanho e cobre) a partir do início do século 20;, explica Eichler.

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