Paloma Oliveto
postado em 15/03/2015 08:00
Aos olhos dos pais, eles sempre serão os mais bonitos, inteligentes e bem-sucedidos. Mas sabe-se que a realidade não é bem assim. Para um observador neutro, a maioria das crianças é bem parecida, seja em graça e beleza, seja em esperteza. Enquanto não há nada de anormal em considerar a própria prole mais especial que a alheia, existe um risco quando se diz isso aos filhos de maneira exagerada e constante. Pesquisas sugerem que o excesso de autoconfiança resulta em gerações mais egoístas, irrealistas e frustradas. [SAIBAMAIS]Na semana passada, repercutiu um estudo que demonstrou como os pais podem estimular o narcisismo ao falar para as crianças que elas são muito especiais. Embora defendam uma relação de carinho e incentivo intrafamiliar, os cientistas da Universidade de Amsterdã que realizaram a pesquisa ressaltaram que os pequenos cujo ego é inflado constantemente têm maior probabilidade de desenvolver uma personalidade vaidosa ao extremo. O estudo acompanhou 565 crianças ao longo de um ano e meio.
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De fato, a cada nova geração, observam-se comportamentos mais autocentrados e egoístas, alega a psicóloga americana Jean Twenge. Autora dos livros Gerenation me (Geração eu, não editado no Brasil) e The narcisism epidemic (A epidemia do narcisismo, também não publicado por aqui), Twenge analisa como a autopercepção de crianças e jovens está aumentando desde a década de 1960. A especialista chegou à conclusão de que, mais do que nunca, eles tendem a acreditar que o mundo gira em torno de seus umbigos. Isso, diz ela, é péssimo para a sociedade e pior ainda para quem não apenas pensa ter o rei na barriga, mas se considera a própria majestade.
Em casa, eles são incentivados a se tornarem pequenos ditadores, tendo o que querem na hora que desejam ; afinal, são os próprios pais que garantem não haver ninguém mais especial na face da Terra. Como, então, não acreditar? John Reynolds, psicólogo da Universidade Estadual da Flórida, estudou os efeitos disso a longo prazo. Constatou que a tendência desses jovens é se transformarem em adultos frustrados e deprimidos. De acordo com ele, as crianças criam grandes expectativas em torno delas mesmas ao ouvirem desde cedo o quanto são maravilhosas. Dessa forma, pensam que podem tudo e que sempre se sairão melhores que os outros. Ao falhar nesse objetivo, seja na escola, na faculdade, seja no mercado de trabalho, o choque de realidade pode ser custoso demais.
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