Não adianta insistir. O par perfeito, ou alma gêmea, não passa de uma doce ilusão, que não só pode colocar a pessoa em uma busca vã como atrapalhá-la na procura por um relacionamento duradouro. A solução para quem deseja encontrar um companheiro é reduzir as expectativas. Parceiro reais estão longe de serem infalíveis ; largam a tampa do sanitário levantada, demoram horas para se arrumar, esquecem o aniversário de namoro e deixam a toalha molhada em cima da cama. Parece uma visão pouco romântica? Não é para menos. Essa conclusão é de cientistas especializados em evolução da Universidade de Michigan, nos Estados Unidos.
Segundo eles, agir de forma menos idealizada é uma receita antiga, seguida já pelos primeiros hominídeos, cuja principal preocupação era sobreviver e garantir a propagação da espécie. Os humanos primitivos eram, de certa forma, forçados a ;apostar; se encontrariam um parceiro melhor ou se deveriam se contentar com o que tinham à disposição. ;Eles poderiam tanto escolher acasalar com o primeiro parceiro, potencialmente inferior, quanto esperar pela Senhora ou Senhor Perfeito aparecer;, afirma Chris Adami, professor de microbiologia e genética molecular e coautor de um estudo sobre o tema publicado recentemente na revista Scientific Reports. De lá para cá, pouca coisa mudou. ;Quem muito escolhe nada tem;, decreta.
A convicção de Adami é baseada em experimentos que coordenou com o colega geneticista Arend Hintze. Eles usaram um modelo computacional para rastrear os comportamentos de risco durante milhares de gerações evolutivas usando ;organismos digitais; em uma realidade virtual. Esses modelos de indivíduos foram programados para fazer apostas buscando a maior ;rentabilidade; possível, refletindo o que seriam decisões marcantes tomadas por indivíduos reais, como a escolha de um parceiro. Eles testaram muitas variáveis que influenciam comportamentos de risco e concluíram que determinadas condições induzem o processo de tomada de decisão.