Marcelo da Fonseca/Estado de Minas
postado em 30/03/2015 05:50
Belo Horizonte ; A ciência pode ser uma aliada poderosa na busca por soluções para a falta de chuvas. Com a redução das precipitações registradas nos últimos anos, crescem nos centros de pesquisa e nas universidades estudos para otimizar o uso da água. Um desses trabalhos é desenvolvido na Universidade Federal de Lavras (Ufla), em Minas Gerais, e pode representar avanço significativo para a agricultura, setor que mais consome o líquido no Brasil.
A tecnologia foi batizada de polímero hidrorretentor e tem obtido resultados positivos no plantio do café e na economia hídrica. Trata-se de um gel que, adicionado às mudas, serve como uma reserva de água em períodos de estiagem, melhorando a qualidade do solo e garantindo altos níveis de produtividade nas lavouras, mesmo com a redução das chuvas. Os cafeicultores sabem muito bem que as chuvas são insubstituíveis, mas esperam contar em breve com uma ferramenta a mais para o sucesso da colheita caso a água das chuvas não venha na medida certa.
No ano passado, em algumas regiões de Minas Gerais, maior estado produtor de café, houve perdas de até 30% da safra cafeeira, afetada pela baixa umidade e pela seca prolongada. O problema atingiu também outras unidades da Federação, reduzindo as colheitas para índices registrados na década de 1960. ;Devido à má distribuição de chuvas que tem ocorrido na maioria das áreas cafeeiras, há necessidade de se buscar tecnologia alternativa para manter a umidade no solo, evitando altos índices de replantio, o que eleva consideravelmente o custo de produção.
Também no caso de lavouras adultas, técnicas que proporcionem um fornecimento de água mais bem distribuído podem evitar grandes perdas, como a que ocorreu na safra de 2014;, explica o professor de agricultura da Ufla Rubens José Guimarães, responsável pela pesquisa. Os estudos com os polímeros que retêm água têm sido feitos para vários tipos de culturas. Segundo o pesquisador, nas plantações de eucalipto, os resultados foram positivos, e alguns produtores rurais no Brasil já começam a adotar a tecnologia.