Isabela de Oliveira
postado em 12/04/2015 08:00
Das armas do corpo, a dor é uma das mais eficientes. Ela acusa, em questão de segundos, um perigo iminente ao organismo, que busca formas de se proteger. Para algumas pessoas, porém, a ferramenta é mais sinônimo de sofrimento do que de sobrevivência. Em algum momento da vida, uma confusão nos sentidos transforma o desconforto normal em um distúrbio incurável e de difícil tratamento. Trata-se da dor crônica, um problema que instiga cientistas de todo o mundo inspirados pelo lema de que, quanto antes começar a intervenção, mais leve será o dia a dia do paciente.
Pesquisadores da Escola de Medicina de Harvard identificaram na medula espinha um importante mecanismo neural que envia sinais de dor errôneos ao cérebro. Há neurônios específicos envolvidos nesse processo. Segundo Martyn Goulding, coautor do estudo, mesmo feita em ratos, essa descoberta inédita permite aos cientistas começarem a desvendar a ;caixa-preta; do problema em humanos. ;Identificar os neurônios que compõem esses circuitos é o primeiro passo na compreensão de como a dor crônica decorre de processamento neural disfuncional (;) Pode ser que algo dê errado no funcionamento desse circuito espinhal e faça com que sensações emerjam com a dor;, explica. Entender o processo por completo pode ajudar, por exemplo, no desenvolvimento de remédios que neutralizem a ação das células nervosas defeituosas.
Também nos Estados Unidos, uma equipe da Universidade de Syracuse identificou uma associação perigosa do problema crônico com o consumo de álcool: o excesso de ingestão provoca mais desconforto. É comum, no entanto, pacientes recorrerem a bebidas alcoólicas para ofuscar a dor incapacitante. Doses moderadas, entretanto, podem se mostrar benéficas. ;Pesquisas futuras podem informar aplicações teóricas e clínicas por meio da análise das relações temporais entre dor e consumo de álcool, ajudando no desenvolvimento de novas intervenções;, escreveram no artigo divulgado.
Pesquisadores do Instituto Butantan e da Universidade Stanford trabalham em uma molécula sintética que poderá dar origem a uma nova classe de analgésicos aparentemente sem efeitos colaterais, como dependência e complicações cardiovasculares. A Alda ativa a enzima ALDH2, que degrada os aldeídos ; compostos formados em processos inflamatórios e que causam a sensação de dor. Quanto mais ativa for a ALDH2, menor é a quantidade de aldeídos ; e, consequentemente, a dor. A molécula foi testada em ratos com inflamações e apresentou resultados promissores. A próxima etapa consiste em tratar, ainda em animais, o desconforto mais crônico, como o causado pela artrite reumatoide.
A matéria completa está disponível aqui, para assinantes. Para assinar, clique aqui.