Ciência e Saúde

Teoria sugere que Mercúrio é mais parecido com a Terra do que se imaginava

Pesquisa sugere que a colisão com um corpo muito parecido ao menor planeta do Sistema Solar foi essencial para a constituição química e a formação do campo magnético terrestre

Roberta Machado
postado em 16/04/2015 09:27
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De acordo com estudo publicado hoje na revista Nature, um corpo celeste de composição muito similar ao menor planeta do Sistema Solar teria se chocado com nossa casa quando ela ainda estava em formação. Esse ingrediente seria o principal responsável pela abundância de elementos considerados raros na superfície do Planeta Azul, além de ter formado o seu núcleo aquecido, que manteve o campo magnético ativo por mais de 3 bilhões de anos.

Acredita-se que os planetas do Sistema Solar tenham sido formados a partir de planetesimais, verdadeiros blocos de montar celestes com, no máximo, 100km de diâmetro. No entanto, os cientistas tinham dificuldade em compreender qual receita havia sido responsável por um corpo tão particular. Quando comparada com os meteoritos, a crosta terrestre tem uma proporção muito alta de samário e neodímio, elementos raros, o que significa que a Terra não poderia ter sido criada somente a partir desses objetos.

;Essa proporção elevada foi atribuída a um reservatório ;oculto; na Terra, ou à perda da recém-formada crosta terrestre devido a uma remoção causada por um impacto;, aponta o autor Anke Wohlers no artigo. Os pesquisadores da Universidade de Oxford realizaram uma série de experimentos para descobrir que reação teria desencadeado a formação dos elementos que hoje fazem parte do nosso planeta. ;Nós questionamos se a formação do núcleo poderia ter fracionado o neodímio do samário e também ter agido como um meio para elementos produtores de calor.;



A peça que faltava seria um objeto rico em enxofre, similar à composição de Mercúrio. Antigos modelos que procuravam explicar as condições de nascimento da Terra eram incapazes de explicar como os elementos de formação teriam resultado no seu núcleo aquecido ; a porção central terrestre é inacessível para experimentos práticos, e sua composição ainda é tema de especulações para a ciência. Mas a nova pesquisa apresenta uma solução que pode colocar um fim nesse mistério.

;Os experimentos mostram que, quando as concentrações de oxigênio são baixas, a maioria do enxofre estará presente como sulfeto de ferro e elementos como urânio, e os mais leves dos elementos raros são solúveis nesse sulfeto. Como o sulfeto é muito mais denso do que os minerais de silicato rochoso, pode-se esperar que o sulfeto de ferro afunde no núcleo da Terra com qualquer metal presente. O resultado seria a adição de algum urânio no núcleo;, ensina Richard Carlson, diretor do Departamento de Magnetismo Terrestre do Carnegie Institution for Science.

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