Ciência e Saúde

OMS anuncia que deixará de considerar o transgenerismo um distúrbio

Ao anunciar que iniciou a transição para o gênero feminino, o ex-atleta Bruce Jenner lançou luz sobre a condição de pessoas que não se identificam com o sexo de nascimento

Roberta Machado
postado em 09/05/2015 07:51

;Sim, para todos os efeitos e propósitos, eu sou uma mulher.; Aos 65 anos, o ex-atleta olímpico Bruce Jenner surpreendeu o mundo ao revelar que, desde a infância, tem uma ;alma feminina; e que está passando por um tratamento de mudança de sexo. Jenner hoje é conhecido como o patriarca da família Kardashian, graças a um reality show. Contudo, mais de 40 anos atrás, ele era um herói, vencedor no decatlo nos Jogos Olímpicos de 1970, em Montreal, e símbolo de orgulho dos EUA na Guerra Fria.

O desabafo feito durante entrevista à tevê no último dia 24 quebrou o estereótipo de virilidade esperado de um atleta e pai de família ; Jenner foi casado três vezes, tem seis filhos e afirma que mantém a preferência por mulheres. ;É importante aprender com essa experiência, de quando pessoas fazem essa ruptura e confrontam forças que as estavam impedindo de fazê-lo. Porque elas (as forças opostas) normalmente são tanto sociais quanto internas;, avalia Vanessa Fabbre, professora da Universidade de Washington e especialista em transições de gênero na terceira idade.

Jenner revelou a intenção de passar pela transição e disse que chegou a iniciar o tratamento hormonal na década de 1980, abandonado depois. Afirmou ainda que viveu ;uma mentira a vida toda;. ;A idade em que um indivíduo desenvolve o senso de gênero é, geralmente, muito jovem. Mas estamos sempre desenvolvendo a percepção que temos de nós;, aponta Fabbre.

Estima-se que uma em cada cem pessoas sejam transgêneras, isto é, não se identificam com o gênero associado ao seu sexo de nascimento (veja quadro), e alguns desses indivíduos optam por passar por um processo de redesignação sexual. A Organização Mundial da Saúde (OMS) costumava tratar a condição como um transtorno de identidade de gênero, uma condição necessária para a recomendação da cirurgia de mudança de sexo. No entanto, a entidade já não classifica o transgenerismo como uma condição patológica e estuda mudar sua qualificação na Classificação Internacional de Doenças (CID, na sigla em inglês).

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